Da Redação JM Notícia
Uma audiência pública sobre a violência nas escolas levou professores, psicólogos e profissionais ligados à educação à Comissão de Direitos Humanos e Legislativa Participativa (CHD) nesta quarta-feira (30). Eles analisaram o crescente aumento dos casos de bullying e violência entre os alunos. O senador Paulo Paim (PT-RS), que solicitou a realização da audiência, relatou ter recebido diversas denúncias de violência contra professores e entre alunos.
“Vi vídeo no WhatsApp em que um menino em Pernambuco é espancado dentro da sala de aula por seis ou sete outros alunos, sob o olhar do professor, que não tinha condições de separar os agressores”, afirmou.
Contexto social
Ângela Fátima Soligo, do Conselho Federal de Psicologia, afirmou que violência tem várias causas e está inserida no contexto social. Ela apresentou uma pesquisa sobre o tema, realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso em conjunto com outras nove universidades federais, e listou fatores relacionados à violência entre os estudantes.
“Álcool, drogas, etnia, repetência, diversidade sexual, discriminação de gênero e discriminação física são fatores que têm aparecido com muita frequência como desencadeadores de atos de violência. Até mesmo casos de crianças e adolescentes que se automutilam estão ligados a casos de ‘bullying’ nas escolas”, afirmou.
Aula de direitos humanos
Daniel Aquino Ximenes, diretor de Políticas de Educação do Ministério da Educação, defendeu a tolerância e o respeito a LGBTs, negros, índios e mulheres. Ele afirmou que o respeito à diversidade é determinante para a redução da violência nas escolas. Para Ximenes, a Educação em Direitos Humanos e a Mediação de Conflitos são pontos muito importantes para combater e prevenir a violência.
Heleno Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, afirmou que a violência escolar tem sido denunciada pela entidade desde os anos 1990. E que o ensino dos Direitos Humanos é fundamental para construção de uma cultura de paz.
Representante da Secretaria de Educação do Distrito Federal, a doutora em educação Ruth Meyre Mota Rodrigues relacionou a violência à LGBTfobia, a questões de gênero e ao racismo. Ela afirmou que esses são os pontos mais importantes da discussão da violência nas escolas. Para ela, o movimento “escola sem partido” pode dificultar a abordagem desses temas pelos professores.
Cicatrizes
Jornalista da TV Brasil, Cintia Vargas informou que a emissora tem feito matérias especiais sobre o assunto. Ela lembrou ser preciso um cuidado especial para tratar desses casos, para evitar que jovens sejam ainda mais estigmatizados.
“Nós produzimos um especial chamado Cicatrizes da Tristeza, sobre jovens que se automutilam. E descobrimos a ligação desses casos com agressões e ‘bullying’ nas escolas desses estudantes. Para a nossa surpresa, o número de casos é bem grande”.
Cultura de paz
Ao encerrar a audiência, Paulo Paim destacou a participação de ouvintes e internautas e pediu apoio ao ensino público.
“Há uma constante reclamação de pais e alunos pelo abandono que as escolas têm sofrido nos últimos anos. Temos de ter uma escola [pública] de qualidade e inclusiva para implantar um cultura de paz e não de violência”, concluiu.