Da Redação JM Notícia
Famosa por pregar a intolerância religiosa principalmente contra cristãos nas redes sociais, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) tem apresentado inúmeros processos contra o que avalia ser um ataque ao Estado laico.
Entre os processos, a Folha de São Paulo cita uma ação contra o prefeito Marcelo Crivella e a cidade que gere, o Rio, “pela realização de eventos religiosos nas escolas da rede municipal”.
Há outra contra a “doação de um terreno para imagens em Aparecida-SP”) e outras ação contra a “construção de monumento à Iemanjá em Cidreira-RS”.
Dizendo que representa 9% da população brasileira (1% ateus e 8% agnósticos), as mensagens da Atea geram até mesmo repulsa dos grupos que ela diz defender. Um exemplo foi a montagem com duas fotos dos jogadores da Chapecoense. Na primeira os atletas estão orando antes do jogo, na segunda aparece o avião do time depois do acidente.
“A gente quer odiar a religião, ela merece. Querem nos culpar por memes religiosos? Pois nos declaramos culpados desde já”, diz o presidente da Atea, o engenheiro Daniel Sottomaior.
Estado laico não é ateu
Para alguns representantes religiosos, a defesa do Estado laico não deve ser feita com intolerância religiosa como propõe a Atea, a mesma entidade que reclama do preconceito que as pessoas sem religião sofrem em um país religioso como o Brasil.
“O Estado é laico e tem que continuar assim. Mas eles, os ateus, têm que entender que o povo daqui é 85% cristão. A democracia é clara. A maioria vence”, declarou o deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), líder da bancada evangélica na Câmara.
O babalorixá Diego de Aira, do Movimento Nacional Brasil contra a Intolerância Religiosa, diz defender tanto o direito “de se ter uma religião ou de não se ter”. Para ele não se trata apenas da religião, mas da tradição e cultura de um povo.
“Porém, para comunidades de matriz africana, o samba, o acarajé, o atabaque, o ojá [pano de cabeça] não são apenas nossa religião, é a tradição de um povo que resiste no Brasil.”
Para dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) o Estado laico não pode interferir na cultura de um povo que foi formada com base na religião. “É preciso ter presente que o Estado é laico, mas a cultura brasileira é marcada pela religiosidade. O próprio Estado deve garantir a liberdade de expressão religiosa, não somente privada, mas também pública”, diz.
Ele ainda critica a postura da Atea. “Quem combate as manifestações religiosas não contribui para a construção de uma democracia madura.”