Depressão é uma doença tida como o mal do século 21, é uma doença física que está relacionada ao desequilíbrio químico dos neurotransmissores e requer atendimento psiquiátrico adequado. E como qualquer outra doença, não tratada o quadro pode se agravar.
No sentido patológico, os sintomas mais conhecidos são relacionados à tristeza, pessimismo e baixa auto-estima, que aparecem com freqüência e podem ser combinados entre si.
A intenção aqui, não é falar da depressão como uma patologia propriamente, pois não sou psicólogo e nem psiquiatra, mas sim exortar as pessoas, especialmente aos cristãos, que muitas das vezes, acham que depressão é uma frescura ou algum tipo de desculpa para os problemas.
Em nossa vida cotidiana, infelizmente muitas das vezes, temos que ser ou demonstrar aquilo que nós não somos, temos nossas máscaras e no meio cristão, especialmente nos mais ativos em suas comunidades é muito comum as pessoas se demonstrarem quase que inabaláveis perante a comunidade.
Recentemente, um dos maiores nomes da Igreja Católica do Brasil, o Padre Marcelo Rossi passou por esse problema e corajosamente admitiu e buscou tratamento. Na ocasião houve surpresa por parte de muitos e até mesmo escândalos por parte de outros. As pessoas questionavam “como assim um padre com depressão?”, “Padre Marcelo Rossi com depressão?”, outras ainda não muito simpáticas a figura do padre e da Igreja Católica “se fosse homem de Deus de verdade não teria isso” ou algo como “ele virou artista, não é mais padre! Depressão é frescura”.
O primeiro passo para se resolver qualquer problema é reconhecer que ele existe. Foi isso que nosso corajoso e querido Padre Marcelo Rossi fez, reconheceu o problema. Ele é padre, mas é humano assim como eu e você, ele é padre, mas não é super herói, ele é um servo do Senhor com suas limitações humanas assim como eu você. E te digo com toda certeza, ele não é o único padre com esse problema, nem padre, nem pastor e nem missionário.
Escrevo por experiência própria, eu já tive esse problema! Sim, já tive depressão. Quando digo para algumas pessoas, há espanto! Mas eu entendo, pois antes de ter esse problema, também achava que depressão era frescura ou desculpa para preguiça, mas não é mesmo! É uma doença e precisa de tratamento.
Estima-se que cerca de 30% da população mundial tenha esse mal, ou seja, de cada dez pessoas, três tem esse problema. Portanto, esteja atento a sua família, pois certamente existe algum membro dela que a tenha. Certamente, a pergunta mais comum nos consultórios é “tem cura?”, bom, como disse no início do texto prefiro não entrar no mérito clínico de ter ou não ter cura, pois isso é bastante debatido, pois alguns dizem que sim, outros dizem que não. No campo espiritual eu digo que sim, há cura! Para Deus não existe impossível, nenhuma doença, nem mesmo a morte.
No meu caso especificamente, costumo dizer que foi a melhor coisa que me aconteceu. Alguns acham que estou fazendo deboche, mas não é. Foi à melhor coisa que me aconteceu, pois foi através dela (depressão), que comecei a buscar mais a Deus, a rezar, a estudar a Bíblia, a ir a Igreja, a ter mais comunhão com Deus. Foi e é uma grande amiga! Estima-se que cerca de 50% das pessoas que tiveram esse problema, têm recaída. E acredito que eu faça parte desses 50%, pois quando começo a fraquejar na vida de oração e estudo bíblico ela vem graças a Deus ela vem. Pois ela me santifica, me força a sempre estar em crescimento espiritual. É o espinho na carne que São Paulo diz em 2 Coríntios 12, 7-10 “Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas Ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte”.
Assim como Jesus, todos nós temos uma cruz para carregar. Para alguns a cruz é algum familiar complicado, para outros, a saúde, já para outros, a dependência química, a concupiscências da carne, etc. Mas sempre temos que ter em mente, que nossas cruzes, nos santifica! Isso mesmo, nos santifica, quando aproveitamos essas situações mais difíceis do jeito certo, elas nos santificam! Através delas é que muitas das vezes nos desmontamos de nossa auto-suficiência e buscamos mais a Deus. Um clichê muito utilizado no meio cristão é “ou vem a Deus por amor pela dor” e isso é uma verdade. Foi o meu caso relatado acima.
Ao contrário do que muitos dizem, cruz não é maldição! Cruz é ressurreição, cruz é santificação. Jesus santificou a humanidade através de Sua cruz e por sua vez, nós precisamos nos santificar cada dia por nossas cruzes. A cruz encarada do jeito certo é caminho de santificação, assim como a depressão pode ser uma cruz na vida de muitos, mas sendo encarada e vivida do jeito certo, pode ser o início de santificação. É o que diz Jesus em São Mateus 16, 24 “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.
Nós cristãos, precisamos tirar nossas máscaras! Pararmos de querer mostrar aos outros o que não somos, parar de querer mostrar aos outros que somos super-heróis, que somos de aço, que somos uma fortaleza. Mesmo com comunhão diária e vida de oração, ainda assim somos humanos e podemos ficar doentes, podemos ficar tristes e desanimados. Isso é humano meu irmão e minha irmã, o que não podemos é deixar que isso seja maior que nós! O próprio Jesus teve profunda tristeza e chorou quando Lázaro morreu, conforme narrado em São João 11, 17-44.
A depressão é uma doença que acompanha a história da humanidade e na própria Bíblia temos o relato do profeta Elias que teve depressão narrado em 1 Reis 19, 1-8 “Quando Acab contou a Jezabel tudo o que fizera Elias e como ele passara a fio de espada todos os profetas de Baal, a rainha mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: Que os deuses me tratem com o último rigor, se amanhã, a esta mesma hora, eu não fizer de tua vida o que fizeste da deles. Elias teve medo partiu, a fim de salvar a sua vida. Chegando a Bersabeia, em Judá, deixou ali o seu servo, e o caminhou pelo deserto, durante um dia. Sentou-se debaixo de um junípero e desejou a morte: Basta, Senhor – disse ele -, tirai-me a vida, porque não sou melhor do que meus pais. Deitou-se por terra e adormeceu debaixo do junípero.
Mas eis que um anjo tocou-o e disse: Levanta-te e come. Elias olhou e viu junto `a sua cabeça um pão cozido debaixo da cinza e um vaso de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. O anjo do Senhor tocou uma segunda vez, dizendo: Levanta-te e come, porque tens um longo caminho a percorrer. Elias levantou-se, comeu e bebeu; e com o vigor daquela comida andou quarenta dias e quarenta noites, até Horeb, a montanha de Deus”.
Note que Sagrada Escritura é claro que Elias teve profunda tristeza e desânimo, nem mesmo com a consolação de um anjo ele se animou, ele teve seu momento depressivo.
Elias não é uma pessoa qualquer, antes de ter depressão, Elias venceu todos os profetas de Baal. Na Sagrada Escritura, Elias foi o único que não passou pela morte, foi arrebatado em vida aos céus, conforme 2 Reis 2, 11-12 e também na transfiguração de Jesus no Monte Tabor, Elias estava lá conforme São Mateus 17, 1-12. Veja que Elias foi um grande profeta e teve depressão, Elias não foi um qualquer, foi um grande profeta, um grande homem de Deus.
Se Jesus que é Jesus ficou triste e chorou, quem somos nós para não sentirmos isso?! Se Elias, a única narrativa bíblica de arrebatamento em vida, que derrotou os profetas de Baal teve depressão, quem somos nós para não termos depressão?!
Voltando ao Padre Marcelo Rossi, veja que foi na época da depressão que ele compôs músicas para um novo CD e escreveu livros e todos fizeram e fazem muito sucesso. Além de ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema, ainda encorajou tanta outra a buscar ajuda ou pelo menos reconhecer que existe um problema. A história do Padre Marcelo Rossi é um grande exemplo, que o espinho na carne, a cruz pode ser um momento aparentemente ruim, mas que na verdade é uma grande oportunidade de Deus agir em nossas vidas. Peguei a história do Padre Marcelo Rossi por ser mais conhecido, mas quantas e quantas histórias parecidas com essas têm por ai.
Portanto meu irmão e minha irmã, se você tem esse problema, não se entregue, não murmure, é uma grande oportunidade para sua santificação.
Caso você ou algum familiar tenha essa mal, segue alguns sintomas.
Sintomas da depressão
Cansaço ou fadiga
A psicóloga e psicanalista Priscila Gasparini Fernandes, da Universidade de São Paulo (USP), explica que “a falta da produção adequada dos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina gera uma prostração muito grande em pacientes”, provocando fraqueza, cansaço, desânimo e falta de iniciativa para qualquer atividade.
Distúrbios do sono
Ou o paciente dorme demais, buscando no sono uma fuga da realidade, ou não consegue dormir, porque não é capaz de se desligar dos problemas que o levaram à depressão. O resultado é um sono de má qualidade. O paciente não descansa o necessário, daí a piora no rendimento em suas atividades.
Problemas digestivos
A depressão envolve a diminuição de produção dos neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, que são responsáveis pela modulação da dor e pelo equilíbrio emocional. Por isso, o paciente apresenta maior sensibilidade à dor gastrointestinal, muito comum em quadros depressivos.
Mudanças no apetite e no peso
A depressão altera o apetite, seja para a falta, seja para o excesso, provocando perda ou ganho de peso de acordo com cada indivíduo. É necessário observar o comportamento anormal e buscar ajuda para o adequado diagnóstico e tratamento. É possível que o quadro seja de anorexia ou bulimia, diferentes da depressão, mas capazes de levar a ela.
Dor de cabeça
O indivíduo com depressão acumula sintomas emocionais, frustrações, medos e inseguranças e os descarrega no corpo, somatizando-os, afirma a psicóloga Priscila. Daí as dores de cabeça. É um processo inconsciente: o individuo não tem controle sobre isso. É preciso procurar ajuda profissional.
Tensão na nuca e nos ombros
Em decorrência da somatização, o paciente depressivo fica em constante estado de alerta, ansiedade e nervosismo, o que se reflete na tensão da musculatura, principalmente da nuca e dos ombros.
Dores generalizadas
O corpo todo apresenta sensação de dor, mas as costas e o peito são os mais afetados. É que o cansaço próprio da depressão compromete a postura física do paciente, piorando a tensão e as dores musculares. A falta de atividades físicas agrava ainda mais o quadro.
A pessoa com depressão se sente mal, física e mentalmente, o que pode interferir na imunidade. Ocorre uma liberação descontrolada de hormônios quando não estamos bem emocionalmente, afetando as células de defesa.
O primeiro passo é reconhecer que existe o problema e que é preciso de ajuda. É necessário de atendimento especializado, pois em muitos casos é necessário o uso de remédios e no campo espiritual de preferência o acompanhamento por parte de um sacerdote e claro, com uma vida de oração e busca de Deus
Fonte: Ministério da Saúde, Aleteia, Associação Brasileira de Psquiatria