Poder Público:
De acordo com o secretário municipal adjunto de Fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública, Noelson Carlos Silva Dias, não houve planejamento adequado. “A Prefeitura Municipal, em nome da Secretaria Municipal de Ordem Pública está aqui, em parceria com a Polícia Militar. Viemos fazer uma fiscalização sobre a autorização que os organizadores do evento não possuem. Eles precisam ter uma autorização da prefeitura para se reunirem e andar pelas ruas e do Estado para utilizar o local público. Não existe nenhum tipo de autorização. Estamos aqui para orientá-los para que eles retornem para seus lares, pois houve uma tentativa de evento sem organização. Em outra oportunidade, devidamente organizados e autorizados, eles poderão se reunir e se manifestarem”. Por fim, ele explica qual o procedimento correto para se planejar uma marcha. “É necessário ir à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano e retirar uma licença especial. E na Secretaria de Mobilidade Urbana, uma licença para utilizar as vias públicas. E da Secretaria de Estado de Administração uma licença para utilizar a praça para reunião e entrada de carro de som. Por fim, solicitar a companhia da PM”, conclui.
O Secretário Adjunto Municipal de Ordem Pública, Zilmar Dias da Silva, confirma o procedimento e explica a detenção das jovens. “Nós vimos até aqui com o propósito de impedir a suposta Marcha para Satanás, pois checamos todas as autoridades municipais e estaduais e ninguém foi informado, não há documentos sobre essa caminhada. Para utilização do espaço público teria que haver essa autorização”. Já as jovens “estão sendo conduzidas para a delegacia porque uma menor estava tomando bebida alcóolica, e a maior que é sua acompanhante, que seria a responsável por ela estava sendo irresponsável por ela e por isso foi levada junto”.
Manifestantes:
Quem foi, explica que o intuito não era causar constrangimento, tampouco tumulto com a polícia. Um jovem que não quis se identificar, avalia. “O intuito do movimento é chamar as pessoas que são ateias e não creem em nada, uma forma delas virem e olharem de outra forma. Dizem ‘ah, porque Satã’, espera, você sabe que significa Satanás? Cada um tem uma religião. De fato, eu mesmo, particularmente, sou quimbandeiro, eu carrego um patuá, minha família vem da umbanda. Isso é preconceito religioso. Eu vim para ver o movimento, ver se seria bacana, como iria funcionar e acompanhar. Quando chego na praça, antes do movimento se tornar, as pessoas (PM) já o interromperam. Ora, tem que deixar rolar, as pessoas tem o direito, a rua é pública, manifestação é um direito. Tem manifestações aí Brasil afora que são bem piores, o pessoal estoura banco e faz um ‘arregaço’ nas ruas… Acho que a PM está fazendo o serviço deles. Mas, por quê? Só porque é uma marcha para Satã que vem tudo isso? E se for uma marcha para Jeová agora, vai ter esse problema com a polícia?”, conclui.
Já Antônio Ribeiro, especialista em NR35 (trabalhos em altura), levou a proposta a sério e manifestou seu parecer. “Eu vim pelo respeito que tenho a Satanás. Claro que Deus manda, mas Satanás foi expulso do céu para o inferno. Consta nas escrituras que ‘o mundo jaz no maligno’. Ou seja, se nós vivemos no mal, em um planeta que já é do mal, eu venho pelo respeito. Concordo com o trabalho da PM, estão de parabéns e não concordo com o pessoal que não veio ao evento por medo!”, ironiza.
Com o evento mal nascido e esvaziado, com o pôr do sol, o silêncio se fez. Quatro manifestantes de um lado e quatro policiais de outro. Os mosquitos que ‘comeram’ as pernas de quem ficou parecem ter sido os responsáveis pelo fim do embate entre o bem e mal travada na noite deste domingo em Cuiabá.
Evento em São Paulo:
Já na capital paulista, o evento aconteceu, e às 16h reuniu 150 pessoas. O ato percorreu a Avenida Paulista, com acompanhamento da PM e sem transtornos, para o temor dos cristãos que se reuniram para ler a Bíblia enquanto o evento passava. Seguindo os mesmos moldes, os manifestantes reivindicavam o fim da teocracia na política e da isenção de impostos à igrejas.