Da Redação JM Notícia
Após dar o voto que desempatou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que julgava a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico nas eleições de 2014, o ministro Gilmar Mendes tentará impedir que candidatos ligados as igrejas disputem as próximas eleições.
Em declarações recentes, Gilmar Mendes já mostrou interesse em estudar meios de impedir que as igrejas, principalmente as evangélicas, usem seu poder de influência e econômico para interferir no resultado das eleições.
“Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal, hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne cem mil pessoas num lugar e diz ‘meu candidato é esse’. Estamos discutindo para cassar isso”, declarou o ministro à agência Reuters em março deste ano.
Ele também quer impedir que o fiel faça a doação ao seu candidato, como é feito para outros candidatos desde que a doação de empresas passou a ser ilegal. Preocupado com isso, Mendes quer encontrar uma forma de impedir que a estrutura da igreja seja usada durante o processo eleitoral.
“Outra coisa é fazer com que o próprio fiel doe. Ou pegar o dinheiro da igreja para financiar. Se disser que agora o caminho para o céu passa pela doação de R$ 100, porque eu não vou para o céu?”, questionou.
O presidente do TSE sabe que será difícil verificar se as igrejas fazem ou não este tipo de ação para promover seus candidatos, mas ele tentará usar medidas para coibir tais práticas ainda que não exista uma lei que impeça as igrejas de apoiar candidatos.
Para a professora da FGV Direito Rio, Silvana Batini, pode ser caracterizado abuso de poder econômico o caso onde o fiel for forçado a doar para um candidato a mando da igreja.
“Você quer saber se os fiéis capitanearam a campanha, é preciso fazer o cruzamento de CPF, uma investigação local em igrejas”, diz a professora que contesta o prazo de apenas 15 dias que a justiça eleitoral tem para fazer uma investigação.
Outro exemplo de abuso de poder seria o pastor afirmar que tal candidato “é o que Deus quer”, levando os membros da igreja a optarem pelo candidato escolhido pelo líder religioso.
Porém, a Justiça Eleitoral não tem poder para determinar medidas que possam coibir a participação da igreja nas eleições, isso só poderá acontecer mediante a aprovação de uma lei nesse sentido.
Marisa Lobo comenta: Ministro nenhum tem poder
A psicóloga Marisa Lobo divulgou em seu Facebook a notícia das palavras de Gilmar Mendes que causaram grande indignação em evangélicos de todo o país.
Para ela, o ministro sabe do poder da igreja e por isso quer impedir os avanços. “Se a família ainda resiste é por causa dos cristãos, da igreja. Entenderam a nossa força?” questiona.
“Contra a força que vem do alto, ministro nenhum tem poder!”, declarou ela dizendo também que pretenderá sair como candidata.