Especialistas em clima espacial explicam que, embora tempestades solares previstas para o próximo ano possam causar falhas em satélites e redes de energia, não há motivo para pânico. O fenômeno, parte do ciclo natural do Sol, já ocorreu outras vezes na história, mas a dependência atual da tecnologia amplifica os riscos. Pesquisadores reforçam que o cenário está longe de ser um “fim do mundo”.
O que são tempestades solares e por que 2025 preocupa?
Tempestades solares são erupções de partículas magnéticas liberadas pelo Sol, capazes de atingir a Terra e interferir em sistemas eletrônicos. Em 2025, o astro atingirá o pico de seu ciclo de atividade, que ocorre a cada 11 anos. “Esses ciclos são como estações do tempo do Sol: às vezes ele está mais calmo, às vezes mais agitado”, compara Maria Santos, astrofísica da Universidade de São Paulo. Em 1859, uma tempestade extrema, conhecida como Evento Carrington, queimou fios de telégrafo e criou auroras boreais visíveis até no Caribe.
Internet em risco? Entenda os possíveis impactos
A grande diferença entre o século XIX e hoje é a dependência global de tecnologia. Estudos indicam que uma tempestade solar intensa poderia danificar satélites, redes elétricas e até cabos submarinos de internet, causando blecautes prolongados. Em 2023, uma ejeção solar quase atingiu a Terra – se tivesse nos alcançado, especialistas estimam que 40% dos transformadores do planeta poderiam queimar. “Não é sobre o fim da humanidade, mas sobre como nossa infraestrutura é frágil”, pondera Rafael Costa, engenheiro de telecomunicações.
Preparação, não desespero: como o mundo se protege
Agências espaciais como NASA e ESA monitoram o Sol 24 horas por dia, e sistemas de alerta podem avisar com até 48 horas de antecedência sobre ejeções perigosas. Empresas de energia já testam desligamentos temporários de redes para evitar danos, e satélites modernos têm escudos contra radiação. “Temos ferramentas para reduzir os impactos, mas é preciso investimento constante”, destaca Ana Beatriz, pesquisadora do INPE. Em 2012, um plano de contingência nos EUA evitou danos graves durante uma tempestade moderada.
Por que o “apocalipse” é exagero?
Apesar dos riscos reais, cientistas são taxativos: não há qualquer indício de que 2025 trará uma catástrofe global. Redes de internet são projetadas para rerotear tráfego, e falhas regionais seriam restauradas em dias ou semanas. “Vivemos em um planeta que já sobreviveu a tempestades muito piores. O desafio agora é adaptar nossa tecnologia, não temer o fim dos tempos”, tranquiliza Maria Santos. O mito do “apocalipse solar”, segundo ela, mistura curiosidade científica com ansiedades modernas – e viraliza sem base em fatos.