Desde maio de 2024, todas as 47 igrejas evangélicas na Argélia foram fechadas, deixando milhares de cristãos, principalmente convertidos do Islã, sem espaços de culto. O caso mostra uma escalada na repressão governamental e social contra minorias religiosas no país. A situação se agravou após a condenação do pastor Youssef Ourahmane, líder da Igreja Protestante da Argélia.
Fé perseguida
A Argélia, um país de maioria muçulmana, tem testemunhado nos últimos anos um aumento significativo na perseguição aos cristãos. Desde 2019, as igrejas evangélicas vêm sofrendo fechamentos progressivos, sob alegações de violação das leis religiosas do país. Até maio deste ano, apenas quatro templos ainda funcionavam, mas agora nenhum deles está aberto. Muitos cristãos, especialmente os convertidos, relatam medo de praticar sua fé publicamente, enfrentando pressão tanto do governo quanto da sociedade.
O caso do pastor Youssef Ourahmane
A condenação do pastor Youssef Ourahmane, vice-presidente da Igreja Protestante da Argélia, simboliza a intensificação da crise. Ele foi acusado de “realizar atividades religiosas sem autorização” e enfrenta restrições severas. Membros de sua congregação afirmam que o fechamento das igrejas e a perseguição aos líderes religiosos têm como objetivo silenciar a comunidade cristã. “Não estamos pedindo privilégios, apenas o direito de adorar em paz”, disse um membro da igreja, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Impacto nas comunidades
O fechamento das igrejas não afeta apenas a liberdade religiosa, mas também a vida social e emocional dos fiéis. Muitos cristãos agora se reúnem secretamente em casas, correndo o risco de serem denunciados e punidos. A falta de espaços oficiais para o culto tem levado ao isolamento e ao medo constante. “Antes, tínhamos um lugar para nos reunir, orar e apoiar uns aos outros. Agora, estamos sozinhos”, desabafou uma mulher convertida ao cristianismo.
Reações internacionais e futuro incerto
Organizações internacionais de direitos humanos têm condenado as ações do governo argelino, classificando-as como violações à liberdade religiosa. No entanto, até o momento, nenhuma medida concreta foi tomada para reverter a situação. Para os cristãos na Argélia, o futuro permanece incerto, com muitos temendo que a repressão só aumente. “Nossa fé é forte, mas estamos cansados de viver com medo”, lamentou um jovem convertido.