Da Redação JM Notícia
Moradores de Novo Acordo, contrários a construção da Usina Hidrelétrica Monte Santo, prevista para iniciar em 2020, no Rio do Sono, caso a empresa preencha todos os requisitos para a concessão da licença, estão se mobilizando contra a obra. De acordo com os organizadores, uma grande manifestação já está sendo organizada para o próximo dia 7 de janeiro no município. Ainda conforme os organizadores do movimento, uma Ação Popular deve ser impetrada na Justiça nos próximos dias com o objetivo interromper o projeto.
O professor Sildomar Pereira, um dos líderes do movimento contrário a construção da obra falou com o JM Notícia na manhã desta quarta-feira, 7, sobre a mobilização. “É um movimento pacifico, porém, muito bem organizado que tem como meta mostrar nosso posicionamento contrário a construção dessa obra que se construída, trará enormes transtornos para nossa cidade. Por isso, estamos mobilizados e no próximo dia 7 vamos fazer uma grande mobilização em prol do nosso rio e do meio ambiente”, ressaltou.
Ainda conforme o professor, “a ideia é chamar atenção das autoridades enquanto há tempo, pois nos conhecemos os exemplos de outras cidades que foram impactadas por Usinas aqui no Tocantins e que sequer os moradores foram indenizados, sem contar os problemas que o município irá enfrentar em áreas como saúde, logística e o aumento da criminalidade, enfim, se somarmos, o 150 empregos que serão temporários com os impostos que a empresa irá trazer à Novo Acordo, não cobre os prejuízos que são bem maiores”, disse.
Meio Ambiente
O Engenheiro Agrônomo pela UFG, pós graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFF e Doutor em Geografia, Planejamento e Gestão Ambiental pela UFRJ,
Joseano Carvalho Dourado, alerta para os riscos da construção da UHE na região. ”O barramento em si irá provocar o fluxo natural da água, peixes e outros animais, além de areia que renovam nossas praias, vale ressaltar que do Rio Sono, suas praias, as paisagens fazem parte do consciente coletivo da população de Novo Acordo, a proximidade do barramento com a redução do fluxo de sedimentos pode comprometer a renovação da areia da praia do Borges (A maior atração turística de Novo Acordo) e consequentemente tornar suas características diferentes, alterando sua balneabilidade”, alerta o especialista.
Ação Popular
“A Resolução número 101, de 14 de Abril de 2009, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que aprova o Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Tocantins e Araguaia e que tem força de Lei, não só trás fortes restrições do uso do Rio do Sono para esse fim como também adiou os estudos la até o ano de 2025, o que não foi respeitado pela empresa. Além disso, até aonde estudamos, o projeto contem vários vícios, por isso, em breve vamos impetrar com uma Ação Popular solicitando a suspensão do projeto e objetivando a conservação do nosso Rio que é o mais importante do que esse empreendimento que pouco nos ajudará em termos de desenvolvimento”, afirmou o jurista Daniel Alves, filho de Novo Acordo e que faz parte do movimento contrário a construção da obra.
Ainda conforme Alves, “somente 3% da água do planeta hoje é apta para o consumo humano e o Rio do Sono, além de fazer parte de uma região de preservação ambiental que é o Jalapão, estar entre os rios menos poluídos do mundo, isso quem diz são os especialistas no assunto, não sou eu, e nós vamos lutar contra essa agressão ao meio ambiente e pela preservação dessa grande riqueza que nossa cidade tem”, finalizou.