O pastor Rick Warren condenou a “cultura da morte e a nova lei da Califórnia que permite o suicídio assistido por médicos para pacientes terminais.
Em um seminário online, patrocinado pela ‘Life Legal Defense Foundation’ (‘Fundação Legal de Defesa da Vida’), o comentarista e radialista conservador, Hugh Hewitt entrevistou Warren, pastor sênior da Igreja Saddleback em Lake Forest, Califórnia, e o padre Robert Barron, bispo auxiliar da Diocese Católica de Los Angeles e fundador do ministério ‘Palavra de Fogo’, para discutir as implicações da nova lei que seus apoiadores até estão chamando de “misericórdia”.
“[Os cristãos] não são [de] uma visão utilitária da vida, entendendo que somos apenas ferramentas, que somos apenas objetos”, disse Warren. “Fomos feitos por Deus e para Deus. Até entendermos isso, a vida não faz sentido”.
Warren disse que na Bíblia, Moisés, Elias e Jonas imploraram a Deus para acabar com suas vidas prematuramente, mas Ele se recusou a atender tais pedidos.
“Todos os três estavam passando por um momento depressivo e pediram a Deus para matá-los. Em todos os três casos Deus disse ‘não”, lembrou o pastor.
“O fato é que, teologicamente, nós pertencemos a Deus e a nós mesmos. Eu não tenho o ‘meu corpo’. Sei que isso soa totalmente como contracultura … Mas se eu não sou o dono do meu corpo, então não tenho o direito. Eu não escolhi vir ao mundo e não consigo escolher quando sair dele. Isso é determinado por Deus”, acrescentou.
Em outubro de 2015, o governador democrata da Califórnia, Jerry Brown, assinou o Ato de ‘Fim da Vida Opcional’ e lei e entrou em vigor em junho.
Mesmo que Warren não costume comentar sobre política, esta questão é de particular importância para ele, considerando que seu próprio filho, Matthew, cometeu suicídio aos 27 anos, em abril de 2013, após uma batalha exaustiva contra uma doença mental.
Ultraje
Já o padre Barron observou que recentemente ele viu um cartaz que dizia: “Minha vida, minha morte, minha escolha”.
Ele fez coro com Warren e reforçou o conceito de que o ser humano não é dono de sua própria vida, nem de seu próprio corpo.
“Eu pensei: ‘isso é diretamente repugnante à Bíblia”, disse ele. “Se vivemos ou morremos, somos do Senhor. A ideia de que não pertencemos a nós mesmos é fundamental para a Bíblia”.
“Uma das maneiras que a tradição católica lida com isso de forma mais filosófica é esta ideia da dignidade inviolável do indivíduo. É intrinsecamente maligno tirar uma vida humana, desde o momento da concepção até a morte natural. Isto significa que não há motivo, em nenhuma circunstância, nenhuma consequência que jamais justificaria tal ação”, afirmou. “A proteção do inocente tem que ser o fundamento de qualquer sistema moral”.
Suicídio assistido = Misericórdia
Quando a lei entrou em vigor em junho, Warren e muitos outros líderes cristãos se manifestaram contra ela, tentando despertar a atenção da população para o seu impacto devastador na vida das pessoas, mas seus esforços não conseguiram fazer com que a lei fosse barrada. O pastor também disse que encontrou pessoas que alegavam ser cristãs e consideravam o suicídio assistido como algo “compassivo”, especialmente se o suicida fosse um paciente em estado terminal de sua enfermidade.
A verdade é que “todos nós somos doentes terminais e a taxa de mortalidade é de 100%”, esclareceu o pastor. “Você não conhece realmente o impacto do suicídio até que você tenha um amigo ou parente que o cometa”.
Quando o filho de Warren tinha 17 anos, perguntou a seu pai por que ele não poderia simplesmente ir para o Céu logo, por que ele tinha que ficar na Terra, lutando contra a dor que sua doença mental lhe trazia.
“É doloroso que seu filho pergunte algo assim para você”, disse Warren. “E eu olhei para ele e disse: ‘Matthew, eu entendo a sua dor, mas eu não posso desistir da esperança de que em algum ponto vamos encontrar uma cura médica para a sua doença mental ou um milagre aconteça; ou então vamos entender que alguns problemas nunca serão resolvidos neste planeta”.
“O que eu diria a ele é que sua doença não é sua identidade. Não é pecado estar doente. Seus problemas neurológicos não definem seu caráter”.
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