Com o cabelo cheio de dread, as 11 tatuagens pelo corpo e os alargadores nas orelhas, Diego Carreiro Moura, de 29 anos, diz que impressiona ao falar que sempre frequentou a igreja. Mas isso nunca o abalou:
— Sei que Deus não se importa com a minha aparência, mas com o que sou por dentro — explica o DJ Dee, que já teve o cabelo arrepiado e colorido.
Para chocar ainda mais, o morador de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, criou um baile charme cristão na região. A ideia surgiu há sete anos, quando Diego começou a aprender a profissão de DJ com um amigo. Ele logo pegou o jeito e foi tocar pelas igrejas. Mais tarde, apaixonado pelo hip hop e frequentador do baile no Viaduto de Madureira, na Zona Norte do Rio, Diego percebeu que os evangélicos precisavam de uma festa só para eles e criou a Crewolada:
— A galera cristã não se sente à vontade de sair para eventos seculares e acaba ficando sem opção.
O primeiro baile, em setembro de 2008, passou longe de ser um exemplo de organização. O evento trocou de endereço poucos dias antes da data marcada e ele precisou pegar empréstimo para pagar o aluguel do salão e do som. Mas não desistiu. Naquele dia, cerca de 100 pessoas se divertiram ao som do charme gospel e pediram mais.
Oração faz parte do esquenta
O início do evento é marcado por uma oração feita quando o espaço já está lotado. Em seguida, quatro DJs se revezam para tocar os ritmos que vão agitar o baile: charme, rap, soul, rock e blues. Diferentemente de qualquer outra festa, ali não são vendidas bebidas alcoólicas ou cigarros. Apenas refrigerantes, água e comida. Diego avisa que namoros e paqueras são permitidos, desde que “respeitosos”:
— Nada de levar para o canto e agarrar.
De repente, a música é interrompida para uma mensagem. São dez minutos de conversa sobre algum tema do cotidiano dos jovens com base na Bíblia Sagrada. O Crewolada, que acontece bimestralmente, chegou a receber cerca de 2.300 pessoas.
Com informações Extra