No dia 20 de agosto, cristãos em Jaranwala, no Paquistão, se reuniram do lado de fora de algumas igrejas vandalizadas. Ao invés de sentaram nos bancos, ficaram em pé ao lado das paredes queimadas pelas chamas. Ao invés de cultuarem em uma igreja adornada com vitrais coloridos e uma bela arquitetura, reuniram-se entre vidros quebrados e escombros. Ao invés de voltarem para casa e terem uma refeição em família, muitos não têm nem mesmo casa para voltar – afinal tiveram suas casas queimadas.
Esses cristãos estão se recuperando – e lamentando – da violência vista na última semana, quando um grupo violento atacou mais de 15 igrejas e 24 casas de cristãos. Dezenas de Bíblias foram queimadas e destruídas. Muitos na comunidade cristã foram obrigados a fugir. Graças a Deus, não houve nenhuma morte durante os ataques.
Parceiros locais relataram que a situação permanece tensa e que os cristãos paquistaneses estão sofrendo. “Eles perderam tudo – sua casa física e espiritual. Nenhum eletrodoméstico, roupa ou utensílio foi deixado. As pessoas precisam enfrentar a realidade de que suas casas estão vazias, deixando-as desabrigadas e sem nada”, conta um cristão local.
Entenda o caso
A violência resultou de uma acusação de blasfêmia contra dois irmãos que foram presos na última sexta-feira. Páginas do Alcorão (livro sagrado islâmico) foram encontradas na rua com palavras depreciativas escritas nelas. Uma página anexada incluía nomes, endereços e cartões de identidade dos acusados, disse Usman Anwar, chefe da polícia provincial, à Reuters. Ele também disse que a “polícia investiga todos os ângulos de por que os nomes e endereços foram anexados”.
Observadores internacionais notam que no Paquistão leis de blasfêmia são usadas para resolver conflitos pessoais. Até mesmo a acusação de blasfêmia pode resultar na violência de grupos, como foi o caso em Jaranwala. Alguns suspeitam que a violência foi planejada e a acusação apenas uma desculpa conveniente para o ataque. O jornal The Washington Post relatou que até mesmo o ministro regional da Informação disse que os ataques parecem ter sido cuidadosamente coordenados.
O ataque deixou diversos cristãos paquistaneses sem casa – e com uma sensação de insegurança. “Minha casa virou cinzas. Se a multidão estava tão irada, por que queimaram casas e roubaram nossos pertences? Queimar a Bíblia não é blasfêmia?”, disse Rasikh Bibi, um cristão afetado pela situação, à Al Jazeera. “Há muito medo de que nossa comunidade seja atacada novamente. A liderança cristã, preocupada com o risco, pede aos cristãos que sejam cuidadosos e vigilantes. A comunidade está dispersa e abalada pela dor a qual foi sujeitada”, disse um cristão local.
Desde o ataque, autoridades paquistanesas já prenderam 160 pessoas e começaram a distribuir o equivalente a dois milhões de rúpias para cerca de 100 famílias que tiveram as casas atacadas. Cristãos em Jaranwala necessitam de itens básicos, comida e remédios. Porém parceiros locais afirmaram que, mais do que qualquer coisa, eles precisam das nossas orações. Interceda por nossos irmãos e irmãs no Paquistão.