Nesta quarta-feira, 26 de julho, o coronel Maj Amadou Abdramane anunciou o golpe militar na TV estatal do Níger. Em companhia de outros nove soldados, o oficial declarou: “Nós, as forças de defesa e segurança decidimos pôr fim ao regime que você conhece”. As justificativas para o golpe são a falta de segurança e má gestão econômica e social.
No entanto, o ministro interino e das Relações Exteriores do Níger, Hassoumi Massoudou, pediu a todos os democratas que “façam esta aventura fracassar”.
A Constituição do Níger foi dissolvida, as instituições suspensas e as fronteiras fechadas. “Pede-se a todos os parceiros externos que não interfiram. As fronteiras terrestres e aéreas estão fechadas até que a situação se estabilize”, afirmou o coronel em rede nacional. Desde o anúncio, a população deve obedecer ao toque de recolher noturno das 22h às 05h.
Além disso, os militares prenderam o atual presidente do país, Mohamed Bazoum, no início da quarta-feira. O líder do executivo recebeu “apoio inabalável” dos Estados Unidos, durante uma ligação do secretário de Estado, Antony Blinken. A Organização das Nações Unidas (ONU) também fez contato e ofereceu cooperação ao presidente.
Uma coalizão de forças democráticas formada pela sociedade civil, sindicatos e grupos de partidos políticos pretende anunciar a realização de uma manifestação amanhã, 28 de julho, a partir das 14h na capital Niamey e em todo o país para apoiar o exército e reafirmar a sua posição de dizer não às forças militares estrangeiras na região.
Golpes militares na região
A região do Sahel está ganhando a reputação de “cinturão golpista”. O golpe no Niger é o nono na região na última década. Mali e Burkina Faso, dois países vizinhos do Níger, vivem sob um regime militar articulado por jihadistas. De acordo com a agência de notícias BBC, os líderes militares das duas nações se desentenderam com a França, pois preferiram se aliar ao grupo mercenário russo Wagner do que aos exércitos de países do ocidente na luta contra grupos extremistas.
A situação dos cristãos do Níger
Um parceiro de campo da Portas Abertas compartilhou: “O país está em tensão agora. Existem sentimentos mistos. Há algum tipo de mobilização nas redes sociais para que as pessoas protestem contra esse golpe, ou seja, aqueles que querem que o presidente volte ao poder. No entanto, ainda existem outros que apoiam os militares.”
Não há certeza de como o golpe afetará as igrejas no Níger, mas houve ataques a cristãos em outros países da região que também enfrentaram o domínio militar. “Não sabemos se essa junta militar será amigável com a igreja, visto que há muitos muçulmanos dentro do exército que são do Movimento Izala e têm visões extremistas. Se eles estiverem entre essa nova junta, então a perseguição à igreja pode aumentar”, explica o cristão.
A simples manifestação da população pode provocar uma tensão. “Há um grande medo entre os cristãos agora, porque ninguém sabe o que vai acontecer durante esses protestos. Eles fizeram algo assim alguns anos atrás, que acabou provocando o incêndio de igrejas e propriedades cristãs, como lojas e casas. Portanto, há necessidade de oração em relação à manifestação de amanhã”.
O irmão na fé suplica: “Por favor, ore pela estabilidade do país porque há muitos rumores nas redes sociais. Intercedam também pela igreja no Níger e que esse novo regime a favoreça”.
Com Portas Abertas