Pesquisadores puderam provar a origem dos filisteus, descritos na Bíblia como inimigos dos israelitas, com uma descoberta arqueológica anunciada neste domingo (10). Pela primeira vez foram encontradas provas biológicas de sua existência, num cemitério com restos de mais de 200 corpos, datados em mais de 3 mil anos.
“Quando nós encontramos este cemitério perto de uma cidade filisteia, nós sabíamos o que tínhamos”, disse Daniel Master, arqueólogo da universidade Wheaton College, em Illinois, em entrevista ao jornal New York Times. “Nós temos o primeiro cemitério filisteu já descoberto.”
Embora o achado tenha sido anunciado agora, especialistas encontraram o local em 2013, em Ascalão, ao sul de Israel. Foram mais de 30 anos de escavações da expedição “Leon Levy”, que envolveu pesquisadores das universidades Harvard, Boston College, Wheaton College e Troy.
Segundo Master, a descoberta foi mantida em segredo durante três anos para que as escavações fossem concluídas, pois eles temiam a interferência de protestos de judeus ortodoxos. De acordo com alguns grupos ortodoxos, os corpos podem pertencer a judeus, e a violação seria uma proibição religiosa.
Alguns sítios arqueológicos filisteus foram descobertos nos últimos anos, mas eles forneciam poucas amostras para permitirem conclusões. Já neste local, foram encontrados esqueletos completos e outros artefatos, que oferecem pistas sobre o estilo de vida dos filisteus e respostas sobre suas origens.
Os arqueólogos estão realizando exames de DNA e radiocarbono nas amostras das ossadas descobertas, que datam entre os séculos XI e VIII a.C. Não foram anunciadas conclusões, já que exames avançados de análise de DNA ainda estão em andamento.
Na Bíblia, os filisteus são descritos como um povo estrangeiro, que veio do oeste e se estabeleceu em cinco cidades: Asdode, Ascalão, Ecrom, Gaza e Gate, localizadas ao sul de Israel e na Faixa de Gaza. O mais famoso filisteu dos textos bíblicos foi Golias, o gigante guerreiro derrotado pelo Rei Davi.
Para Yossi Garfinkel, arqueólogo israelense especialista no período, o cemitério é “uma descoberta bastante significativa”. Além das origens, o achado pode fornecer informações sobre as cerimônias fúnebres do antigo povo.
Os filisteus costumavam enterrar seus mortos com garrafas de perfume colocadas perto do rosto do falecido. Nas pernas, eram enterrados jarros que possivelmente carregavam óleo, vinho ou comida. Em alguns casos, os mortos foram enterrados usando colares, pulseiras, brincos e até anéis no dedão do pé. Outros foram enterrados com suas armas. Com informações O GLOBO via Guiame