A filosofia grega sempre tem prevalecido no ocidente de várias maneiras, isso subjaz nosso conhecimento e traz orientação a nossa construção de ideologias. As formas de pensar milenares estão inseridas nos povos de cultura tradicional, inclusivo no Oriente. Traz sua diferente cosmovisão de respeitar o mundo, a vida e todo seu funcionamento. Seria cativante se todas as culturas intercambiassem suas formas e modos de cogitar, desta forma teriam outras visões de mundo e iríamos enriquecer ainda mais a nossa mentalidade.
A sabedoria precisa ser abordada nessa perspectiva, nós precisamos idealizar mais do que um conjunto de provérbios ordenados, precisamos organizar ideias.
“Entendemos por Sabedoria um sistema de valores, uma compreensão total do mundo por parte do homem. Isso abrange o homem e seu mundo referencial, isto é, suas relações com o âmbito do divino, do humano e do mundo material que o rodeia” (LINDEZ, 1999).
Na teologia veterotestamentária contem uma organização estruturada que aborda todo esse sistema de valores, não temos um texto avaliado por altas especulações ou abstrações filosóficas, mas sapiencial.
O que o Antigo Testamento menciona é vivido especificamente por aquele povo, pois traz a narrativa da nação de Israel e a relação com seu Deus, abrangendo vários aspectos dessa vida, dentre eles, social, cultural, politico e demais pilares da vida comunitária.
David Bosch explica que a concepção oriental hebraica da fé é bem diferente em comparação à mentalidade grega para onde o cristianismo migrou no séc. II:
Enquanto o conceito hebraico yasha, “salvar”, significa primordialmente “salvar pessoas de um perigo ou catástrofe” ou “libertar cativos” (i.é, salvação para este mundo), o conceito grego soteria, no período que estamos analisando, tendia a referir-se ao ato de ser resgatado da existência corporal, de ser aliviado do fardo de uma existência material (em outras palavras, salvação deste mundo). (HUBBAD, BUSH e LASOR, 2002).
Essa é uma mentalidade hebraica, na qual o sapiencialismo trouxe as suas principais orientações, o povo e sua libertação do Egito, retorno do exilio babilônico, e muitos outros eventos que narraram o livramento do povo com a manifestação salvadora de Deus, a história do mundo teve os escritos das ações divinas de forma concreta para julgar os egípcios. De fato Deus agiu na história.
Agora você entende que o sapiencialismo trazia uma responsabilidade muito além do que simploriamente ajudar a estruturar uma linha de pensamento, isso era uma maneira pedagógica de metodizar a própria vida. A principal preocupação era a laboração na vida e ordem social e comunitária.
Ao analisarmos a escritura percebemos que a sabedoria não está viva apenas no Antigo Testamento, mas em toda a Bíblia. Vejamos que o próprio Cristo foi chamado de mestre (sábio) pelas pessoas que o seguiam em suas pregações. Examinemos o relato descrito em João 13:13, “Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou”. Esse fato se insere porque aquela multidão que o seguia já estava habituada com a linguagem sapiencial, inserida dentro de sua cultura e dos escritos sagrados. Eles assentiram que o Cristo é sábio em suas admoestações, e que falara e pensava de uma forma totalmente compreendida culturalmente para eles.
Você já parou para refletir como nosso conhecimento é conduzido por formas de pensamento? Analise pense e reflita. Deus abençoe.
Bibliografia
HUBBAD, David A.; BUSH, Frederic; LASOR, Willian S. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2002.
LINDEZ, José V. Sabedoria e Sábios em Israel. São Paulo: Loyola, 1999.
Por: Rildo M. Diniz –
Teólogo, Escritor, Pós-Graduando em Antigo Testamento (UNICESUMAR/PR) – Especialista em Comunicação de Empresas (UNICESUMAR/PR) – Especialista em Marketing Digital (UNICESUMAR/PR) – Pós-Graduado em MBA em Marketing Digital com Ênfase em Inovação (UNICESUMAR/PR) – Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (FACIT/TO).