O ex-presidente Luiz Inácio da Silva mostrou-se irritado, constrangido e, por vezes, irônico, ao prestar depoimento à Polícia Federal. Alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, Lula foi obrigado a depor no aeroporto de Congonhas, no último dia 4 de março.
A íntegra do depoimento foi disponibilizada pela Justiça Federal no Paraná nesta segunda-feira (14), um dia após os protestos contra a presidente Dilma Rousseff e o próprio ex-presidente.
Leia abaixo trechos do depoimento onde comenta sobre o dízimo:
‘Nem dízimo de igreja é espontâneo’
Perguntado se é comum empresas procurarem espontaneamente seu instituto para oferecer doações, Lula disse que “ninguém procura ninguém espontaneamente para dar dinheiro”.
“Nem o dízimo da igreja é espontâneo. Se o padre ou o pastor não pedir, meu caro, o cristão vai embora, vira as costas e não dá o dinheiro. Então, dinheiro você tem que pedir, você tem que convencer as pessoas do projeto que você vai fazer, das coisas que você vai fazer”, disse o ex-presidente.
“Lamentavelmente, no Brasil, ainda não é uma coisa normal. Mas, no mundo desenvolvido, isso já é uma coisa normal, ou seja, não é nem vergonha nem crime alguém dar dinheiro para uma fundação. Aqui no Brasil, a mediocridade ainda transforma tudo em coisas equivocadas”.
No depoimento, o ex-presidente também disse que não pede dinheiro porque não faz parte de sua vida política. “Desde que estava no sindicato, eu tomei uma decisão: ‘eu não posso pedir nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das pessoas'”.
O delegado, então, questionou Lula: “o senhor nunca pediu dinheiro em nome do instituto?”. A resposta: “não, e pretendo não pedir nos últimos anos que eu tenho de vida”.
Via BOl