Da Redação JM Notícia- Camila Rodrigues
A sessão desta quinta-feira, 10, na Câmara Municipal de Palmas, ficou lotada pela sociedade, principalmente líderes religiosos de diversos segmentos, que reivindicavam contra medida do prefeito em vetar a retirada dos termos sobre ideologia de gênero do Plano Municipal de Educação. A polêmica foi gerada após livros didáticos, que tratam de temas como “Famílias são diferentes e Famílias dos nossos tempos” foram distribuídos nas escolas. Pela segunda vez, a votação sobre o tema foi adiada na Câmara em meio a tumultos e muita cobrança da população aos vereadores para derrubarem o veto do prefeito. Aliados da base eram vaiados pelos presentes durante discurso em tribuna. Antes de a sessão começar, religiosos católicos e evangélicos se uniram para rezar e orar pelas famílias palmenses.
Pressionados pela população, que a todo instante gritavam: “derrubem o veto”, com cartazes nas mãos que diziam: “família sim, gênero não”, os vereadores da base eram vaiados durante discursos. O líder do prefeito, vereador Folha (PTN) respondeu à reação das pessoas. “Vaias são para mal educados, mas estamos aqui por causa dessas pessoas. Eu também tenho família e nenhum aqui é menos ou mais cristão que os outros. Precisamos aprender a compreender, ouvir, avaliar, julgar e condenar depois que apurar. Apresentamos 51 emendas desse projeto, eu 37 e João Campos 14, a votação foi unânime, não teve vetos nas emendas que o Pr. apresentou. Nós vamos votar contra o veto, eu vou votar a favor da família”, disse Folha.
Pela primeira vez, em três anos, os aliados discursaram contra a vontade do prefeito. “Eu nunca votei contra um projeto do prefeito, fui sempre fiel aos projetos do prefeito. Mas o princípio de Deus eu defendo, na criação ele fez macho e fêmea. Foi Deus em primeiro lugar que me colocou aqui, procuro honrar os princípios da família. Esse livro e essa cartilha serão recolhidas, o que nós queremos é que o prefeito coloque um projeto que tire essas brechas. Deus nos criou macho e fêmea e assim vamos continuar”, disse Marilon Barbosa (PSB).
Iratã Abreu (PSD) disse que gênero não abrange só as questões homoafeitvas e pediu pela suspensão das votações para que Amastha enviasse outro projeto. “Quando falamos de gênero, não estamos falando só de questões homoafetivas. Precisamos separar que as liberdades individuais existem e precisam ser respeitadas, cada um tem direito de defender a sua preferência sexual. O que não pode acontecer é que essas questões sejam abordadas nas escolas. O Estado não deve interferir na educação moral e religiosa das famílias. Esse plano não pode ser julgado sem um estudo mais amplo e concreto. Quero propor que suspendamos a sessão para que o prefeito apresente outro projeto. Quero que nós exijamos do prefeito um projeto de emenda complementar para afastar as questões de gênero do projeto original”, afirmou o vereador.
“Quando escolheram os livros não perguntaram aos pais , às famílias, se eles queriam o material. Esse livro não deveria nem sequer ter sido escolhido. João Campos deu entrada no dia 29-01, foi aprovado por unanimidade, mas até hoje não foi tirado. Vamos votar pela derrubada do veto do prefeito. Palmas vai dá exemplo ao Brasil”, afirmou o vereador Milton Neris (PR).
O presidente da Casa, Rogério Freitas (PMDB) ao se dirigir à tribuna disse: “o veto tirou a proibição (da distribuição do livro) e o que não é proibido é permitido, mas para vetar precisa de votos”.
Votação
O projeto do PME foi devolvido à Casa para votação após o prefeito vetar a retirada dos termos do Plano. Apesar de expressarem o desejo do veto, na tribuna e diante da população presente, e ir contra a vontade do prefeito, os vereadores da base aliada pediram suspensão da votação sob alegação de que a prefeitura iria enviar um novo projeto com um posicionamento diferente, ou seja, com a retirada de todos os termos sobre a questão.
Oposicionista, o Pastor João Campos (PSC), autor de 14 emendas sobre o Plano, concordou com a suspensão da votação afirmando que após o novo posicionamento do prefeito, a medida seria, enfim, aprovada, que é o objetivo dele e de toda população, que os livros com ideologia de gênero fossem retirados das escolas.
“Eu votei para suspender porque os três ou quatro vereadores da base do prefeito fizeram um compromisso com a gente, de que na terça-feira, se o prefeito não mandar uma matéria clara em relação a essa situação eles iriam votar conosco para derrubar os vetos, e hoje nós só tínhamos oito ou nove votos, então se a votação fosse hoje iríamos perder. Estaríamos ganhando porque estaríamos votando as outras matérias que está na pauta, Carreira Justa e outros projetos, seria interessante pra essa classe que está aí porque estão ansiosos em relação a isso, mas precisamos ter um pouco de paciência. Com certeza, na terça-feira, provavelmente nós derrubaremos o veto se o prefeito não cumprir com a palavra dele”, disse o Pastor.
Com a decisão da maioria dos vereadores, a votação sobre ideologia de gênero, Projeto Carreira Justa, situação dos quiosques, entres outros, que também estavam na pauta do dia, foram adiadas para a próxima terça-feira, 15.