Mulheres cristãs têm dificuldades em se sentir atraentes, é o que mostra o estudo realizado pelo Benditas Blog e o Invisible College com mais de 5.600 mulheres brasileiras de outros países de fala portuguesa.
De acordo com a pesquisa, 59,27% não se sentem atraentes, outros 40,51% sim se sentem satisfeitas com a sua aparência. As que não souberam informar são 0,22% das entrevistadas.
Se comparado com um estudo feito em 2019 (pela empresa Kantar Insights), onde apenas 20% das brasileiras tinham baixa autoestima, podemos perceber que as cristãs possuem muito mais problemas com a sua autoimagem.
A pastora Ana Paula Costa, da Igreja Comunidade Batista Nova Floresta em Belo Horizonte (MG), a forma como as mulheres cristãs se enxergam tem muita influência do machismo pregado nas próprias igrejas.
“De modo geral, o machismo ainda é muito forte e presente diariamente na vida das mulheres. E, infelizmente, no meio cristão, isso é ainda mais evidente. Devido à má interpretação de textos bíblicos, muitos inferiorizam a mulher,
como se ela tivesse menos valor até para o próprio Deus; como se, simplesmente pelo fato de ser mulher, ela fosse desprovida de valor, qualidades e expertises”, diz.
Sem entender que também possuem dons e talentos, as mulheres se sentem incapazes e desanimadas consigo mesmas. A pastora entende que as igrejas não falam sobre a importância da mulher no Reino de Deus, na família, na sociedade, sobre o seu valor como pessoa, como indivíduo, e do quanto ela é amada por Deus; nem o quanto elas devem se amar e se respeitar.
Baixa autoestima prejudica todas as áreas da vida
Não se sentir atraente pode ser um fator de risco para as emoções, entre os prejuízos causados podemos citar problemas emocionais como depressão, fobias, ansiedade, transtornos alimentares, dependência e muitos outros.
Como pastora de mulheres, Ana Paula tem notado que muitas mulheres se sentem incapazes de realizarem seus sonhos e muitas desistem de conquistar seus objetivos. A razão para isso? Receberam palavras negativas desde a infância.
Além disso, os padrões de beleza impostos também trazem questionamentos para as mulheres e as cristãs também são afetadas por essas comparações. “São muitas as distorções que levam uma mulher à baixa autoestima, mas seja qual for o gerador do problema, ela acarretará profundas raízes de amargura”, completa a pastora.
Leia também: Maioria das mulheres cristã não é feminista
O que a Bíblia diz sobre autoestima?
Em Salmo 139: 13 e 14 lemos que fomos feitos de “maneira terrível e maravilhosa” e que todos os trabalhos de Deus são maravilhosos.
Em outras palavras, fomos feitos de maneira terrível e maravilhosa por um Deus Todo-Poderoso que faz tudo de propósito. Só esse versículo já seria uma forma de injetar autoconfiança naqueles que creem em Deus.
Para a escritora norte-americana Heather Bowen, do blog Mom For All Seasons, existe um tabu entre os cristãos sobre se sentir atraente ou com autoestima. Ela define o termo “autoestima” como “minha percepção do meu valor” e declara: “Tenho certeza que meu Criador não quer que Seus filhos atribuam a si mesmos um valor baixo”.
Como influencer de maternidade, Bowen ensina que é necessário que os pais ensinem seus filhos a entenderem que não são perfeitos, que são pecadores, mas que Deus mesmo assim os ama. “Este é um dos maiores impulsos possíveis para a autoestima”, ensina.
A pastora Ana Paula cita outros versículos como Lucas 12:6-7 que fala sobre o valor do homem para Deus; Salmos 27:1 que fala sobre não ter medo; Jeremias 29:11 e Isaías 41:10.
Igrejas precisam falar sobre autoestima
Para Ana Paula, as igrejas têm um papel importante para mudar este quadro. “É preciso tratar esse assunto com transparência e amor, observando os aspectos natural e espiritual. Sem sombras assustadoras de condenação, críticas e exposições desnecessárias”, diz a pastora.
“Muitas mulheres não se aceitam, vivem isoladas, são inseguras e infelizes. As mulheres precisam se sentir acolhidas, amadas, respeitadas e valorizadas também na igreja que frequentam, por seus líderes e por todos que ali estão. Somos filhas e filhos de Deus; fazemos parte da mesma família em Cristo. É preciso que haja conforto e acolhimento também nesse lar”.
E como trabalhar a autoestima da mulher cristã?
“Não podemos nos comparar com quem quer que seja. A mulher precisa assimilar a verdade que somos todas únicas. Cada uma tem suas qualidades e dificuldades; temos de procurar ser o melhor de nós mesmas a cada dia, para nossa felicidade e para o Reino de Deus”, ensina a pastora.
“Não devemos aceitar condenações, pois o único que tem poder para isso não nos condena, antes, acolhe-nos, perdoa-nos e nos mostra, com amor, o Caminho a seguir. Jesus é o nosso Mestre, Senhor e Salvador. Ele habita em nós pelo Espírito Santo e nos torna mais que vencedoras”, completa.