O Brasil já foi um campo missionário perigoso, onde os cristãos estrangeiros que chegavam sabiam que a probabilidade de virar mártir era grande. Os perigos na terra inexplorada eram desde animais selvagens, índios canibais e doenças mortais, como a malária. Além disso, os primeiros missionários protestantes foram vítimas da intolerância religiosa. Tudo começou com a chegada de uma caravana de 600 franceses na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O líder Nicolas Durand de Villegaignon notou que não havia cristãos protestantes na chamada “França Antártida”. Ele então pediu ao teólogo e compatriota João Calvino para enviar pastores ao país. Então, em 7 de março de 1557, os líderes huguenotes Pierre Richier e Guillaume Chartier desembarcaram no país, e mais tarde outros cristãos da mesma denominação.
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Três dias depois de chegarem, em 10 de março, foi realizado o primeiro culto protestante no Brasil, completando hoje 463 anos. E onze dias depois, a primeira Santa Ceia foi realizada. Porém, essas conquistas não garantiram que o protestantismo ganhasse força no território. Por divergências teológicas, o solicitante da presença missionária, Villegaignon, passou a perseguir os cristãos franceses. Alguns fugiram para o meio de índios tupinambás, outros saíram por um navio, que naufragou. Os cinco que voltaram foram presos e depois enforcados, mas deixaram a Confissão de Fé da Guanabara como herança.
Quem é cristão, é missionário
Hoje, também é comemorado o Dia do Missionário Evangélico. De acordo com os dados do IBGE, o Brasil é composto por 31% de evangélicos. Ou seja, mais de 65 milhões de brasileiros se intitulam cristãos protestantes. Logo, todos esses foram chamados para a missão de fazer discípulos de Jesus. Porém, algumas pessoas são vocacionadas para atuar exclusivamente com a pregação do evangelho. A Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) garantiu, no relatório lançado em 2017, que 15 mil brasileiros são missionários em contextos diferentes dos que nasceram. Como missionários transculturais, estão trabalhando com povos minoritários no país, como indígenas e quilombolas, ou atuam em nações onde a igreja de Cristo precisa nascer e ser fortalecida.
A mesma pesquisa aponta que o movimento missionário está crescendo no país desde 2000. Com um novo impulso em 2010, o crescimento médio é de 8,2 ao ano. Porém, ainda há mais vocacionados que não foram enviados. Isso acontece porque a cada 3.953 cristãos evangélicos, apenas um missionário é enviado. São necessárias 13 igrejas para enviar um missionário. As consequências do baixo investimento em missões dos evangélicos no Brasil, cerca de R$ 2,00 por pessoa por mês, impede que mais povos sejam alcançados, como ciganos, hindus e budistas, e que os missionários não tenham um cuidado espiritual e psicológico adequado.
(Com Portas Abertas)