Uma análise realista da atual conjuntura mostra que vivemos o fim de um ciclo no país. O que incomoda é que não se sabe o que o futuro nos reserva. Nosso arranjo institucional de presidencialismo de coalizão, onde presidentes, governadores, prefeitos, precisam formar uma maioria no legislativo para governar, se mostra ser um modelo esgotado. O que se percebe é que mesmo com uma base de maioria, os governantes vivem engessados e não conseguem aprovar projetos ou avançar no enfrentamento de temas que precisam ser discutidos e mudados. Em Brasília não faltam exemplos. Aqui no Tocantins podemos apontar a luta travada recentemente para aprovar empréstimos que o governo estadual estava buscando. Quem deu a última palavra foi o legislativo. As reformas como a política, previdenciária, tributária, temas que há décadas estão em discussão, continuam sem ser aprovados.
A reforma política que andava ocupando posição central nas últimas semanas parece que não vai acontecer. Com isso o ano se aproxima do final e políticos em Brasília, só pensam em suas eleições em 2018. Muitos deputados e senadores serão candidatos a governador, senador e essa a pauta que ocupa seus pensamentos. Cientistas políticos que adoram dizer que a operação Lava Jato, as delações, irão provocar uma renovação na política ano que vem, deveriam analisar o resultado da eleição fora de época para governador que foi realizada no domingo passado no Estado do Amazonas. O vencedor foi Amazonino Mendes, que está com quase 80 anos de idade. Uma figura tradicional da política do Amazonas e que já foi governador várias vezes. Aos analistas que dizem que o eleitor está mudado, seria bom perguntar o que aconteceu no Amazonas que os representantes da nova política não se elegeram? Talvez seja porque a população em tempos de crise, parece querer apostar em candidatos com experiência. Nos anos 80 o famoso Pelé disse a polêmica frase que brasileiro não sabia votar. Será que isso mudou? Cada um responda por si mesmo.
Outro tema que tem ocupado as páginas dos jornais é a postura do Ministro Gilmar Mendes em defender suas posições polêmicas. Chama atenção que seus críticos adoram defender seu afastamento. Colocando à parte suas decisões (que não me cabe discutir, uma vez que o magistrado é livre para julgar seguindo os parâmetros da lei) o que parece irritar as pessoas é a sinceridade do ministro em assumir suas posições e não ter medo de criticas. Ele é exemplo de alguém que não se esconde atrás do manto do politicamente correto, da fala mansa, de jogar para a plateia e fazer e dizer só aquilo que agrada todos. A política está cheia de gente assim. O discurso é lindo, mas só Deus sabe o que acontece nos bastidores. Quem dera conhecêssemos e pudéssemos saber o que realmente pensam nossos políticos.
O certo é que os dias são maus. As palavras do Apóstolo Paulo em sua carta a Timóteo parecem ser atuais como nunca. Ele disse:
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te…
Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.” 2 Timóteo 3:1-7
O caminho a frente é cheio de perguntas e riscos. As respostas irão se manifestar. Nos resta ter esperança e fazer a nossa parte. E tenho dito.