Para o psicólogo é importante que a população faça uma espécie de “detox digital” frequentemente. Para ele, as pessoas que utilizam muito a internet devem tentar se desligar do mundo digital, quando possível, e se conectar ao mundo real por meio das relações sociais. “Ao final de cada aula, de cada reunião ou final do dia podemos fazer um esvaziamento, uma limpeza de conversas aleatórias, daquilo que não agrega. Devemos tornar nosso ambiente externo mais atraente que o mundo digital”, comenta.
Segundo o profissional, os sintomas da dependência são percebidos pelas pessoas que convivem com o indivíduo, e que por isso é muito importante ouvi-los e buscar um acompanhamento profissional caso perceba que não consegue se desligar por conta própria.
A pesquisa realizada pelo psicólogo e professor Jeann Bruno Ferreira no ano de 2017 teve como objetivo investigar a propensão à dependência da internet em universitários de Gurupi e para isso foi utilizado o método quantitativo, no qual foram entrevistados 363 acadêmicos dos 15 cursos oferecidos em instituição de ensino superior.
No estudo, os estudantes que foram classificados como usuários normais ocuparam a porcentagem de 17%, enquanto os dependentes leves ocuparam 60%, já os dependentes moderados 22% e os dependentes considerados como usuários graves representaram 1% da amostra. Tendo em visto esses números, a pesquisa apontou para a existência de uma dependência leve, seguida dos dependentes moderados entre os estudantes.
Atualmente, a questão da dependência da internet demanda uma atenção maior da população devido a pandemia e isolamento social e, principalmente, estudantes e profissionais que precisam intensificar o uso das redes identificam a necessidade de colocar limites.
As estudantes de Gurupi Ana Caroline de Andrade e Rebeca Rezende Rosário comentam sobre como procuram se “blindar” dessa dependência mesmo tendo que utilizar mais os dispositivos eletrônicos.
“Já que preciso, por questão de necessidade, estar na internet várias vezes ao dia, procuro limitar meus momentos de lazer a outros tipos de diversão, mas confesso que é difícil, quase todas as minhas horas livres ainda envolvem a internet. Acredito que é uma evolução constante, e é preciso saber até que ponto esta conexão faz bem”, explica Ana Caroline ressaltando que quando percebe que seu dia não está rendendo como deveria, busca identificar como mudar isso.
O que também é compartilhado por Rebeca que explica ficar atenta a sua produtividade, se perceber que não produziu o quanto deveria procura refletir a respeito do uso do celular. O que segundo ela é raro acontecer.
“Eu utilizo uma função que indica semanalmente o quanto usei cada aplicativo, e isso me ajuda a regular um pouco esse uso. Tento sempre diminuir, mas não observo que o meu uso tem me dado indicativos de possíveis problemas mentais, pois uso a internet para diversas coisas, dentre elas, para entretenimento, o que acaba me fazendo bem. Não vejo como ideal o meu tempo de uso, mas também não vejo como prejudicial”, destaca a estudante.
Não é novidade para ninguém que a internet tem destaque significativo na vida de grande parte da população, e inclusive é uma ferramenta de extrema necessidade para todos durante a pandemia. O importante conforme ressaltado pelo psicólogo Jeann Bruno e exemplificado pelas estudantes é observar até que ponto esse uso é saudável, saber identificar possíveis excessos e buscar ajuda quando necessário.