Durante uma vigília promovida pela Assembleia de Deus Madureira em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro, o pastor Samuel Gonçalves fez críticas a práticas comuns entre alguns líderes religiosos e influenciadores evangélicos nas redes sociais. Sem citar nomes, o pastor demonstrou preocupação com a crescente utilização de transmissões ao vivo como meio de solicitar contribuições financeiras, geralmente por meio de chaves Pix.
“Eu fico muito preocupado com esse pessoal que fica usando talento de Deus para fazer live na internet para pedir Pix”, afirmou Gonçalves, referindo-se à prática de vincular revelações e profecias à oferta de valores monetários como forma de “plantar uma semente” ou “receber uma palavra”. O discurso ocorreu em meio à programação da vigília e teve forte repercussão entre os presentes.
Em sua fala, o pastor fez uma analogia com a figura bíblica de Sansão, conhecida por sua força extraordinária e, posteriormente, por sua queda ao desviar-se do propósito divino. Segundo Gonçalves, Sansão errou ao utilizar os dons recebidos de Deus em benefício próprio, comportamento que, para ele, se assemelha ao de religiosos que condicionam manifestações espirituais ao recebimento de doações.
“Sansão começou a manipular o dom de Deus na vida dele por benefício próprio. Profeta do Pix, não se negocia com os talentos. Não se usa os talentos de Deus para benefício próprio. Não se vende aquilo que recebeu de graça da parte de Deus. O que de ruim plantou, de ruim vai colher”, declarou.
A crítica do pastor ocorre em meio a debates mais amplos sobre o papel da internet na prática religiosa e a monetização de conteúdos de cunho espiritual. Figuras públicas como a autodeclarada pastora Renallida Lima, que conta com 3,6 milhões de seguidores no Instagram, já foram alvo de denúncias envolvendo o chamado “estelionato espiritual”. Renallida foi acusada publicamente pelo pastor Anderson Silva por adotar práticas semelhantes às mencionadas por Gonçalves.
Apesar do tom de advertência, o foco principal da pregação foi o chamado à responsabilidade individual. De acordo com Samuel Gonçalves, os dons espirituais são concedidos por Deus, mas o uso que se faz deles é uma decisão pessoal. “Deus te unge, Deus te chama, Deus te consagra, Deus te levanta, mas Deus não decide nem por mim, nem por você. A decisão é nossa”, afirmou.
A declaração gerou reações entre fiéis e internautas, que dividiram opiniões sobre os limites entre fé, espiritualidade e arrecadação de recursos por meios digitais.