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Pandemia afetou o comportamento de responsáveis por crianças de até três anos em famílias de classe D

As famílias pertencentes à classe D, que possuem renda familiar ao mês de R$ 720, foram as mais impactadas, sob uma perspectiva negativa, pela pandemia da Covid-19. Uma pesquisa analisou os cuidados com crianças de até três anos. As famílias que integram esse grupo sentem-se mais exaustas, sobrecarregadas, ansiosas, impacientes e assustadas se comparadas com as outras. Outro ponto ressaltado é o financeiro.

O estudo faz parte da pesquisa “Primeiríssima infância – interações na pandemia: comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos em tempos de Covid-19”, realizada pela Kantar Ibope Media e solicitada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. A pesquisa teve como participantes famílias das classes sociais A, B, C e D e que são responsáveis por crianças de 0 a 3 anos. O convívio direto também foi levado como critério. No total, 1.036 pessoas foram submetidas a entrevistas, realizadas majoritariamente on-line, em março de 2021.

“Uma primeira infância de qualidade, de estímulos adequados propicia oportunidades para a criança. Ao mesmo tempo, há um efeito negativo quando não há oportunidade de disponibilizar o ambiente adequado”, aponta a CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Mariana Luz. “Com o isolamento social e uma natural crise socioeconômica, a gente percebe, pela pesquisa, o agravamento dessas oportunidades, os efeitos perversos da desigualdade e como esses ambientes e estímulos conseguem fazer o desenvolvimento [da criança] avançar ou retroceder”.

A CEO mostra ainda que os primeiros anos de uma criança significam uma oportunidade essencial para todo o seu desenvolvimento como ser humano. É um momento em que são realizadas conexões que influenciam em toda uma base de estruturas do cérebro que estão ligadas à aprendizagem. Também é um instante de criação de condições para saúde e felicidade dessas crianças nos tempos presente e futuro. Assim sendo, a primeiríssima infância, até a idade dos três anos, e a primeira infância, até os seis, devem receber atenção.

Ela ainda mostra que é essencial acolher quem cuida dessas crianças. “Os cuidadores e pais precisam estar bem para conseguir oferecer e estar disponíveis para que a interação aconteça. O desenvolvimento acontece por meio da interação”, comenta.

A gestão de dados como forma estratégica

O consultor de sistemas de monitoramento para primeira infância da Fundação Bernard van Leer e pesquisador no setor de integração de dados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Data Protection Officer, Filipe Rocha, comenta sobre a criação de políticas públicas para a primeira infância e sobre de que maneira a gestão de dados pode ser importante para estratégias mais eficientes. De forma geral, ele aponta que a gestão de dados, para políticas públicas, é essencial.

Sobre o uso de dados na primeira infância, especificamente, Rocha mostra que a ação de monitorar os dados se inicia na gestação. No momento do nascimento, inaugura-se uma etapa essencial, que dura até os três anos. Nesse instante, ele aponta que há ações que não podem deixar de ser feitas, apontando o fator temporal como decisivo para esse momento. Ele ainda apresenta a necessidade de se pensar em políticas para o cuidado de pais e cuidadores e em como os dados podem ser usados para atender a esses indivíduos dentro de um tempo adequado, citando como exemplo a saúde mental materna.

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