Embora autoridades argentinas tenham informado na manhã desta segunda-feira (29/6) que a nuvem de gafanhotos tenha se deslocado para oeste, em direção ao Rio Paraná, autoridades fitossanitárias brasileiras estão preocupadas com possíveis mudanças climáticas que poderiam facilitar a entrada da praga no Rio Grande do Sul.
+ Praga de gafanhotos faz Ministério declarar estado de emergência
+ VÍDEO: Praga de gafanhotos no Brasil – Fim dos tempos em 2020
“A nossa preocupação é com a influência meteorológica. Se tivermos uma convergência dos ventos, os gafanhotos podem se deslocar para o norte da Argentina e convergir com o oeste e noroeste do Rio Grande do Sul, o que possibilitaria a formação da nuvem e a entrada em território brasileiro”, afirma o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do RS, Ricardo Felicetti.
Por isso, o governo estadual aumentou de 8 para 11 fiscais agropecuários em vigilância nas sete cidades próximas à fronteira com o país vizinho – São Borja, Itaqui, Alegrete, São Luiz do Gonzaga, Barra do Quaraí, Uruguaiana e Santa Rosa. Esse monitoramento tem ocorrido junto com as prefeituras e produtores locais.
“Temos um plano operacional elaborado, mas dependemos ainda de algumas informações do Ministério da Agricultura. Só falta isso ser publicado. Havendo a nuvem, a ação de impacto seria a pulverização, dependendo do deslocamento, já que ela pode entrar coesa ou espalhada, sem um ponto fixo”, conta Felicetti.
Na próxima quinta-feira (2/6), uma reunião por videoconferência está marcada entre os representantes do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e instituições do setor aéreo na Argentina (Fearca) e no Uruguai (Anepa).
Na pauta, está a intenção de definir novas ações de combate à praga nos países. Devem participar do encontro, além das entidades, representantes do Ministério da Agricultura de cada um dos países envolvidos.
Ação preventiva
Engenheira agrônoma e mestre em entomologia agrícola, Andreza Martinez ressalta que a portaria publicada pelo Ministério da Agricultura na última semana estabelecendo a emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina vale por um ano.
“Uma preocupação é surgir novas populações. Por isso, a praga precisa ser controlada preventivamente daqui para a frente. Esperamos que esse trabalho de controle no território argentino se mostre eficaz. Se a prevenção for bem feita nos próximos meses, a gente não tem o risco da formação de uma nova nuvem no ano que vem”, analisa Martinez, que é gerente regulatório de Defensivos Químicos da Croplife Brasil, entidade que reúne 35 empresas das áreas de defensivos agrícolas, biotecnologia, germoplasma e biodefensivos.
(Com Globo Rural)