A boneca, que tem olhos esbugalhados, pele pálida e um sorriso sinistro, ficou famosa em diversos países, depois de ser disseminada em um vídeo.
Por conta da “fama” que a boneca ganhou, a personagem é utilizada por criminosos da internet para convencer crianças e jovens a aplicarem golpes, como roubos de dados e extorsão.
Na Bahia, a notificação ao Google e ao WhatsApp foi feita por meio do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos (Nucciber).
Em entrevista, o promotor Moacir Nascimento, que coordena o Nucciber, informou que, até o momento, não há casos registrados na Bahia de crianças ou adolescentes que cometeram algum delito por conta do vídeo.
Entretanto, o MP-BA resolveu instaurar procedimento, por conta da dimensão que o vídeo está tomando nas redes sociais.
“Houve ampla repercussão do vídeo e, como havia a possibilidade de repercussão na Bahia, foi instaurado o procedimento, para colheita de dados, provas, e a manifestação das empresas”, afirmou o promotor.
“O vídeo está circulando em inglês e espanhol pelo WhatsApp. O que estamos buscando é que eles adotem providencias para que não seja mais compartilhado”, acrescentou.
O pedido do MP-BA vai ao encontro de discussões realizadas em publicações especializadas no público infantil. De acordo com essas publicações, é importante que os responsáveis fiquem atentos aos vídeos consumidos pelas crianças, pois muitos deles começam com o conteúdo infantil normal, mas depois inserem a figura da boneca.
O caso da boneca Momo lembra o chamado “Jogo da Baleia Azul”, uma corrente on-line de 2017 que teria levado mais de cem crianças ao suicídio (o número nunca foi confirmado). Assim como a “Momo” é japonesa, a “Baleia Azul” era russa. Se a “Momo” usa uma foto macabra, a “Baleia Azul” era uma série de desafios a serem realizados na madrugada.
Esses elementos contribuem para despertar interesse, o que faz a história ser mais divulgada, seja através das redes sociais ou da imprensa. Quem fica exposto a essa informação acaba tendo ainda mais interesse em interagir com uma “Momo”, caso alguma apareça.
O promotor Moacir Nascimento, contudo, destaca que a responsabilidade maior sobre o conteúdo que chegam a crianças e adolescentes é dos pais.
“O problema é criança e adolescente de 12, 13 anos, com smartphone, usando a internet sem nenhuma supervisão de um adulto. A boneca não causa suicídio. O que leva ao suicídio é o distanciamento dos pais e responsáveis”, finalizou.