Reservadamente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não será candidato nas eleições de 2022. A avaliação dos magistrados passa pela constatação de que, independentemente do julgamento que pode declarar o ex-juiz Sergio Moro parcial e reabilitar temporariamente o petista, o ex-presidente será condenado novamente em segunda instância em outros processos a que responde. Uma sentença proferida por órgão colegiado mantém o político como ficha suja e, portanto, fora do páreo na disputa pelo Palácio do Planalto. “Não acredito que Lula seja candidato. Existem vários outros processos contra ele” , disse, em caráter reservado, um ministro ouvido por VEJA.
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Antes de Lula ter a possibilidade de decidir se vai ou não se candidatar para fazer frente ao presidente Jair Bolsonaro, o STF vai julgar se Sergio Moro agiu politicamente e com parcialidade ao condenar o petista no processo do tríplex no Guarujá. Quatro votos são conhecidos no colegiado – dois, dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, favoráveis a punir Moro por falta de isenção, e dois, de Edson Fachin e Cármen Lúcia, em favor do ex-juiz. O quinto poderá ser proferido pelo ministro que Bolsonaro escolher para a Corte e será definidor de quais serão os players na próxima eleição presidencial. Celso de Mello, decano do tribunal e originalmente o voto desempate no julgamento sobre a suspeição de Moro, anunciou antecipação de sua aposentadoria para o dia 13 de outubro e não participará do julgamento do caso.
A ideia de Gilmar Mendes, responsável por pautar o tema, é aguardar o início do próximo ano para colocar o assunto em votação em uma sessão plenária presencial, depois da pandemia e em um cenário que ele acredita que será de maior tranquilidade para discutir a fundo a atuação de Sergio Moro à frente da Lava-Jato.
Uma eventual declaração de suspeição de Sergio Moro derrubaria, ainda que de forma temporária, as restrições impostas pela Lei da Ficha Limpa para que Lula volte a se candidatar. Se confirmada, a sanção ao ex-juiz atingiria em cheio o processo do tríplex no Guarujá, mas poderia ter impactos também em outra de suas condenações, a que envolve o recebimento de propinas por meio de um sítio em Atibaia, já que parte dela tem as digitais de Moro. Os dois casos tenderiam a ser parcial ou integralmente refeitos. Até novas condenações em segunda instância – situação que os ministros do STF consideram provável – Lula, que em pesquisas de opinião aparece como o nome mais competitivo contra Bolsonaro, estaria temporariamente “elegível”.
FONTE: Revista VEJA