Um novo estudo do Institute for the Impact of Faith in Life, realizado pela Whitestone Insight, revela uma mudança significativa nas atitudes religiosas entre os membros da Geração Z no Reino Unido, sugerindo um potencial renascimento da fé e um maior questionamento espiritual entre os jovens adultos nascidos a partir de 1997.
A pesquisa, que entrevistou mais de 2.000 adultos britânicos, descobriu que indivíduos de 18 a 24 anos apresentam níveis mais elevados de religiosidade do que qualquer outra faixa etária. Aproximadamente 69% dos jovens nesta faixa etária acreditam que a sua fé tem um impacto significativo em suas vidas, comparado a apenas 51% daqueles com mais de 65 anos.
Além disso, 72% dos jovens adultos afirmaram que sua religião os ajuda a encontrar um propósito na vida, um forte contraste com os 47% das pessoas com mais de 65 anos que disseram o mesmo. Este aumento na religiosidade entre a Geração Z também é acompanhado por uma maior diversidade e abertura: 76% dos jovens de 18 a 24 anos relataram ter amigos com diferentes religiões ou crenças, sugerindo um maior grau de tolerância e aceitação em comparação com gerações mais velhas.
O estudo também destaca que 45% dos jovens expressaram abertura para mudar suas crenças religiosas, em contraste com apenas 22% daqueles com mais de 65 anos. Esta abertura reflete uma abordagem mais flexível e questionadora em relação à fé entre os mais jovens.
Outro aspecto notável é que a Geração Z é mais propensa a ver a fé como uma força positiva na vida pública. Eles apoiam a ideia de políticos discutirem publicamente sua fé e acreditam no envolvimento dos líderes religiosos em questões sociais e políticas. Apenas 36% da população em geral concorda que a religião é uma força para o bem na sociedade, enquanto entre os entrevistados religiosos, 55% viam a religião como uma influência positiva, destacando uma clara divisão geracional nas atitudes em relação à fé.
Charlotte Littlewood, investigadora associada sénior do IIFL, observou que, apesar do curso geral de secularização jurídica e política no Reino Unido, a juventude britânica valoriza cada vez mais a fé. “Os resultados mostraram que, embora legal e politicamente o Reino Unido esteja num curso geral de secularização, os jovens britânicos são mais crentes do que aqueles meio século mais velhos”, disse Littlewood.
A pesquisa também examinou visões mais amplas da sociedade sobre religião. Apesar de uma resistência geral à presença da religião no local de trabalho e na política, com 42% vendo a religião no local de trabalho de forma positiva, comparado a 41% que discordam, as gerações mais jovens veem mais valor nas discussões religiosas nas esferas públicas.
A representação da religião pela mídia também foi abordada. Um significativo 71% dos entrevistados concordou que a mídia é tendenciosa, e 63% não eram a favor de uma maior cobertura da religião pela mídia, indicando uma desconfiança generalizada na representação religiosa feita pelos meios de comunicação.
Apesar destes desafios, o estudo destaca aspectos positivos da fé no Reino Unido. Por exemplo, 62% dos entrevistados concordaram que a herança cristã é importante para o Reino Unido, e há uma percepção de que o país acolhe bem a diversidade religiosa. Além disso, 73% dos entrevistados relataram ter amigos de diferentes religiões, indicando fortes relações inter-religiosas.
O papel da fé na educação também é visto como crucial por muitos entrevistados. A pesquisa descobriu que 61% dos participantes acreditam que a educação religiosa é importante nas escolas, e 80% concordam que o conhecimento de outras religiões é essencial.
Essas conclusões ressoam com tendências observadas nos Estados Unidos, onde jovens adultos, embora menos afiliados religiosamente do que gerações anteriores, demonstram um forte compromisso com sua fé. O relatório State of the Bible USA 2023 revelou que, apesar dos níveis mais baixos de envolvimento com as Escrituras entre os jovens americanos, cerca de metade dos entrevistados da Geração Z atribuíram à mensagem da Bíblia a transformação de suas vidas.
O estudo sugere que, em meio a um cenário global de secularização, a Geração Z está redescobrindo e redefinindo o papel da fé em suas vidas e na sociedade.