O crescimento é mais acentuado no Norte (36,8%)
A população evangélica brasileira pode ultrapassar a católica em 2049, segundo projeção do demógrafo José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. O cálculo foi feito com base no Censo de Religião de 2022, divulgado na semana passada.
Entre 2010 e 2022, os evangélicos cresceram 5,2 pontos percentuais, enquanto os católicos recuaram 8,4 pontos. A transição religiosa no país, antes prevista para 2032, foi adiada em 17 anos por causa da nova taxa de crescimento dos dois grupos.
“Pela minha projeção anterior, a Igreja Católica iria perder de 7 a 1, de goleada. E acabou que a Igreja Católica perdeu por 1 a 0”, comparou Alves. Segundo ele, a ausência de dados atualizados durante 12 anos influenciou o resultado.
Para o pesquisador, a tendência atual deve se manter, mas ressalta que se trata de uma hipótese. “Ninguém sabe o que vai acontecer no futuro. Pode mudar tudo”, afirmou.
O Censo de 2022 indicou que 26,9% dos brasileiros se declaram evangélicos. A maioria é de mulheres (55,4%) e pardos (49%). O crescimento é mais acentuado no Norte (36,8%) e no Centro-Oeste (31,4%).
O IBGE apontou uma desaceleração inédita na expansão evangélica desde os anos 1960. Alves atribui o fenômeno à alta de “desigrejados” — evangélicos não praticantes — e a falhas técnicas do levantamento. O Censo foi realizado com atraso, por causa da pandemia, e teve recursos limitados.
Em 2023, o instituto reviu a população brasileira de 203 milhões para 210,8 milhões. “Essas pessoas não foram entrevistadas. É preciso estudar se a cobertura incompleta afetou os dados religiosos”, concluiu o demógrafo.