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Evangélico, eleitor de Bolsonaro morre após ser espancado por recusar material de Haddad

Da Redação JM

Esposa conta que Valdenir relatou ter sido espancado simplesmente porque recusou receber material de campanha do candidato Fernando Haddad. Foto: Reprodução

Um crime brutal foi cometido e levou a morte um pai de família evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus. A vítima foi o vendedor Valdenir Mendes Cirino. A família e os amigos cobram investigação sobre a morte do vendedor, que foi vítima de espancamento na avenida 13 de Maio, em Fortaleza-CE. A agressão aconteceu no dia 11 de outubro.

De acordo o portal O Povo, segundo relato da esposa, que está grávida de três meses, Valdenir saiu de casa naquela quinta-feira para aproveitar algumas promoções, pois vendia livros na Praça dos Leões. Quando voltou para casa estava com vários hematomas. Ele relatou que voltava da Praça dos Leões a pé quando foi abordado, na avenida 13 de maio, por grupo que fazia panfletagem do candidato Fernando Haddad (PT).

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Ele recusou o material de campanha. Conforme relato dele à esposa, Valdenir disse aos que panfletavam que votaria no candidato Jair Bolsonaro (PSL). Conforme a mulher conta ter ouvido dele, houve discussão, o grupo entrou em luta corporal e o vendedor foi ferido.

Ela relatou que levou o marido, no mesmo dia, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bom Jardim e que foi orientada a levá-lo ao Hospital de Messejana.

Com dores, ele foi várias vezes à UPA e ao hospital. Ia, era atendido, liberado e voltava quando sentia dores novamente. Valdenir passou por exames de raio-X, eletrocardiograma, hemograma. Mas seguia sentindo dores no tórax. A equipe d portal esteve na residência da vítima e os vizinhos que o socorriam junto à esposa – já que a família não tem carro – ressaltaram que, desde o espancamento, o vendedor estava sofrendo com dores.

De acordo com uma vizinha que ajudou no socorro, o nariz de Valdenir tinha constante sangramento. No vômito também havia sangue.

No sábado, 20, Valdenir foi novamente à UPA, mas chegou morto à unidade. A esposa diz que foi informada pelos profissionais que o marido sofreu parada cardiorespiratória. O laudo cadavérico, que ainda não saiu, deve indicar a causa da morte.

Conforme a mulher, Valdenir chegou a pedir perdão a ela pela discussão. “Eu estou grávida e ele ficou preocupado”. As filhas do vendedor têm seis, 15 e 19 anos de idade. A renda da família vinha do trabalho dele como vendedor de livros. A companheira trabalha em casa, fazendo costuras.

Clima de medo

Conforme uma vizinha de Valdenir, ele veio do Interior e possuía bom convívio com os moradores. Ela diz que ele não tinha desavenças e que todos ficaram assustados com o caso.

O clima na rua da família é de medo, devido à possibilidade da motivação política para o crime. “Aqui a gente não diz em quem vota. E também tem as facções”, cita um morador.

Valdenir frequentava a Igreja Universal do Reino de Deus e, conforme a esposa, era contra o que ela chama de “ideologia de gênero”. Segundo ela, isso não é permitido na igreja.

Investigação 

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) diz que a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga a morte de Valdenir. Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na 34º Distrito Policial, no Centro, no sábado, 20.

A companheira da vítima disse que os policiais civis buscam testemunhas e imagens das câmeras de segurança que identifiquem os autores do crime. Ela disse esperar que a Polícia chegue aos autores do crime para que eles sejam responsabilizados. “Mataram meu marido e ele disse que foram muitos que bateram”, relata.

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