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Banda Preto no Branco defende causa gay: ‘Cantar mais do que aleluia’

A Preto no Branco quer combater a “cultura cristã machista e homofóbica”

Preto no Branco quebrou várias barreiras no meio gospel ao defender a causa LGBTQI+ no clipe de “Meu Lugar é Seu Amor”. O novo vídeo da banda é protagonizado pelo ator Guilherme Baptista, de orientação bissexual, e fala de forma delicada como é a relação dos evangélicos com os gays, mostrando o preconceito sofrido desde a infância pelos homossexuais.

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Ao UOL, o vocalista do grupo, Clóvis Pinho, reforçou a importância de tocar no assunto dentro do meio cristão. “Preto no Branco já tem essa tradição de falar de tabus no meio evangélico. O assunto por si só já é maciço e quando o clipe foi feito usamos outra música, mas no meio do processo sentimos a necessidade de ter uma música especialmente para o vídeoclipe.

Clóvis Pinho cantando com Claudia Leitte, no Carnaval de Salvador

O desejo partiu ao olhar com mais profundidade os gays presentes na igreja, que são obrigados a se anular o tempo todo para fazer parte da comunidade. “A maioria dos profissionais gays, que cuidam dos camarins das pastoras, inseridos dentro da logística do show gospel e de eventos da igreja, ficam invisíveis, muitas vezes. É um drama para essas pessoas ser o que é, viver a sua sexualidade”, opina.

A necessidade de expor o assunto foi detectada ao ver pessoas próximas e até mesmo da família deles passando por este problema. “A gente sente o reflexo da nossa cultura cristã machista e homofóbica o tempo todo. Decidimos ser a voz de muita gente que não tem. Nós percebemos uma comunidade muito grande dentro da própria igreja, mas que não tinha voz. Ninguém fala sobre o assunto, finge que não existe”, lamenta.

Clóvis afirma que a igreja está mais apta a aceitar o heterossexual “pegador” do que um gay com um parceiro fixo. “Temos que abraçar todo mundo, todo mundo mesmo. O amor acima de qualquer coisa tem que estar presente em nossos corações. É esse tipo de situação discriminatória que temos que combater”, condena.

Ao ser questionado se houve uma preocupação em parecer uma jogada de marketing se apropriar de uma temática atual, Clóvis dispensa qualquer suposição de interesse em promover a banda em cima do público gay.

“É absurda essa alusão. A gente perde mais do que ganha, abraçando este tema na nossa comunidade. Nós fechamos portas, perdemos agenda. Não é algo confortável de fazer no nosso meio gospel. Mas decidimos seguir o nosso coração. Jesus não morreu só por heterossexuais. Ele morreu por todos nós”, prega.

A intenção da banda, que ficou famosa ao viralizar o louvor “Ninguém Explica Deus”, vídeo gospel mais assistido do YouTube no Brasil, somando mais de 450 milhões views, é fazer com que os homossexuais não se sintam mais rejeitados no meio evangélico e incentivar outros grupos a fazer o mesmo. “O que o Preto no Branco está fazendo nada mais é que um pedido de desculpas em nome de todo esse pessoal que errou desta forma e mostrar que Deus não te odeia. Ele te aceita, te ama como você é. Espero que outros artistas no meio gospel sigam este exemplo também, de levar a palavra de Deus para todos, sem excluir, que queiram cantar mais do que aleluia”, sugere.

O músico faz um apelo para ala conservadora da igreja. “Vejo como uma grande oportunidade dos cristãos se libertarem. Neste momento, vejo muito intercâmbios culturais dentro da arte. Acho que é uma oportunidade de mostrar o jeito que a gente pensa. Estamos em uma virada de década. Não podemos mais aceitar um conservadorismo excessivo”, critica.

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