O pastor Silas Yakubu Ali, de 55 anos, foi encontrado morto depois que ele não retornou de uma visita a Kafanchan, na Nigéria, no dia 11 de setembro. Ele foi atacado quando a moto ficou sem combustível, e os agressores o mataram com um facão. O líder dirigia a igreja Evangelical Church Winning All (ECWA, da sigla em inglês), na região de Zangon Kataf.
Um dia depois, um grupo de provável origem fulani atacou uma vila na mesma área, matando pelo menos 11 moradores. Dez das vítimas eram membros de uma igreja ligada à ECWA, que tinha como líder o pastor Ali, morto no dia anterior. “Muitas pessoas estão desaparecidas como resultado do ataque. É impossível determinar o número de feridos e mortos, mas até agora, contei 11 vítimas em diferentes locais esta manhã”, disse uma fonte local ao portal de notícias Daily Post da Nigéria.
Entre janeiro e setembro deste ano, quase 600 pessoas foram mortas apenas em Kaduna, de acordo com dados do Nigeria Security Tracker. Apenas as regiões de Zamfara e Borno registraram mais mortes no mesmo período por violência.
“A maior parte dessa violência está no Norte do país, na forma de ataques do Boko Haram, Estado Islâmico, pastores de cabra fulani e bandidos armados. Mas a violência também está se espalhando para o Sul. Essa violência muitas vezes causa perda de vidas, lesões físicas, bem como perda de bens. Como resultado, os cristãos também estão perdendo as terras e meios de subsistência”, disse um parceiro da Portas Abertas na região.
Impunidade
No mês passado, um grupo de especialistas em direitos humanos e defensores da liberdade religiosa pediu ao governo dos EUA que mantivesse a Nigéria em sua lista de “Países de Preocupação Particular”. Uma designação dada a países que “se envolveram ou toleraram violações particularmente graves da liberdade religiosa”.
A lista, que é um documento consultivo do Departamento de Estado dos EUA publicado anualmente pela Comissão de Liberdade Religiosa Internacional, apresenta os países que a comissão considera ser os piores violadores da liberdade religiosa. A lista dos piores infratores inclui China, Irã, Paquistão, Síria e outros.
“Qualquer desistência dos EUA e da comunidade internacional sinalizará ao povo da Nigéria que eles foram abandonados. Não podemos ficar parados enquanto o governo nigeriano permite que terroristas e criminosos ataquem comunidades religiosas e cometam violações dos direitos humanos com impunidade. A Nigéria deve permanecer um país de particular preocupação”, disse Kelsey Zorzi, diretora de Liberdade Religiosa Global da ADF Internacional, em um comunicado.
Perseguição Extrema
A Nigéria é o 9º país da Lista Mundial da Perseguição 2021 que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo. Segundo a pesquisa da Portas Abertas, realizada anualmente há mais de 25 anos, a Nigéria teve o maior número de cristãos mortos. Somente no país o número aumentou de 1.350 para 3.530 em 2021, o que representa 74% do número total.
Os homens cristãos são os principais alvos de extremistas islâmicos na Nigéria. Após a morte ou sequestro deles, a esposa e os filhos ficam mais vulneráveis socialmente e são assediadas para se casarem com muçulmanos e converterem toda a família ao islamismo. Dessa maneira, a igreja cristã no território também é enfraquecida e, se continuar assim, pode até morrer. A violência contra os seguidores de Jesus é reforçada quando o governo e autoridades locais não dão a devida importância aos crimes cometidos contra os cristãos, tornando os ataques comuns e impunes.
Socorro para viúvas cristãs
As viúvas cristãs se tornam responsáveis pelo sustento de casa após a morte do marido. Muitos deles foram assassinados por grupos extremistas, como Boko Haram e pastores de cabra fulanis. Encontrar um emprego que pague as despesas, como taxas escolares dos filhos, alimentação e moradia é quase impossível. Com uma doação para esta campanha, você ajuda a cobrir os custos com alimentos, aluguel e escola para os filhos de uma viúva na Nigéria durante um mês.
Este é o caso da cristã Amina. Ela vivia em paz junto com o marido Daniel e os cinco filhos em Maiduguri, capital do estado de Borno, Nigéria. Mas após 2009, quando o Boko Haram surgiu, nunca mais houve paz na região. Apesar de saber que corria risco, a família da cristã não pensou em deixar o local por causa da perseguição.“Agradeço a Deus por conhecer a Bíblia e por ela não esconder que passaremos por perseguição, tudo pode acontecer a qualquer hora. Mas um cristão não deve ter medo”, testemunha Amina.
Então, em 2012, ela teve o marido assassinado e os dois filhos mais velhos tiveram o pescoço cortado por jihadistas. Após quase cinco anos do incidente, que mudou a vida de Amina e dos filhos dela, a cristã foi sequestrada com outras mulheres. Apesar das constantes ameaças e ordens para seguir Maomé, as seguidoras de Jesus se mantiveram firmes na fé.
Após negociações com o governo nigeriano, Amina e as outras irmãs foram libertadas. Entretanto, elas precisaram de ajuda material para suprir as necessidades dos filhos.