Os mandados cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira (17) em três cidades do estado buscam aprofundar as investigações da Polícia Civil do Tocantins sobre a utilização de servidores públicos fantasmas como cabos eleitorais nas duas eleições para o governo realizadas no Tocantins em 2018. Durante a manhã, cerca de 80 agentes da PF saíram às ruas para cumprir 14 mandados de busca e apreensão determinados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). As informações são do G1.
Entre os locais alvos de buscas estão o gabinete do governador Mauro Carlesse (DEM), assim como endereços dele em Gurupi e Palmas, além de uma fazenda em Dueré. O gabinete da deputada Valderez Castelo Branco (PP) e endereços dela em Araguaína, assim como uma fazenda no mesmo município, também estavam entre os alvos. Outras três pessoas também foram alvos das buscas da PF.
Os mandados precisaram ser autorizados pelo STJ devido à prerrogativa de função do governador. “Tudo isso justifica, com larga margem, o aprofundamento das investigações, haja vista que os inquéritos tramitavam em primeiro grau e tiveram seu curso obstado [foram impedidos de prosseguir], com remessa a essa Corte Superior, tão logo surgiram indícios de envolvimento de autoridade com forno no STJ”, diz trecho da decisão do ministro Paulo de Tarso Sanseverino, emitida no dia 20 de fevereiro.
Segundo aponta o Ministério Público Federal (MPF), no pedido para realização das buscas, Mauro Carlesse e Valderez Castelo Branco se “uniram para, aparentemente, atuarem de forma a forjar nomeações de funcionários públicos, com desvio de dinheiro em favor de particulares, obtendo apoio para lograrem êxito nas eleições”.
Mauro Carlesse disse que refuta qualquer tentativa de ligação de sua gestão aos fatos citados. Valderez Castelo Branco afirmou que está tranquila e colaborando com a Justiça.
Isso teria ocorrido nas eleições suplementares, para o governo, e se repetido na eleição de outubro de 2018. A procuradoria relatou que Carlesse assumiu o governo interinamente, após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), em 19 de abril de 2018. No dia 24 do mesmo mês o governo estadual extinguiu contratos temporários e recontratou 145 servidores no dia 16 de maio.
Para o Ministério Público, isso teria sido uma “espécie de estratégia para obtenção de apoio político-eleitoral e mão de obra para as campanhas e pleitos de junho e outubro.”
O que dizem os citados
O Governo do Estado afirmou que não existem servidores fantasmas na atual gestão e que apoia e colabora com a operação. O governador disse que refuta qualquer tentativa de ligação de sua gestão “às velhas práticas políticas do uso de servidores fantasmas”.
Segundo nota enviada, Mauro Carlesse “pôs fim a esses antigos métodos utilizados pelos grupos políticos que passaram pelo Tocantins no passado recente”.
A deputada Valderez afirmou, em nota, que “está tranquila e explica que foi convidada a prestar esclarecimentos, como o fez, por ser uma das mais interessadas em elucidar a situação”.