O ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier tem dito a interlocutores que são inverídicas as versões apresentadas pelo ex-comandante do Exército general, Freire Gomes, e pelo ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, nos depoimentos dados a Polícia Federal na investigação da suposta trama golpista.
O general e o brigadeiro disseram à PF que o então presidente Jair Bolsonaro apresentou minuta de decreto para um estado de sítio. Mas que a ideia teria sido contestada por eles. Garnier teria sido o único a se colocar “à disposição do presidente” para a empreitada, segundo os militares.
A interlocutores, Garnier afirma, no entanto, nunca ter visto tal ato nem recebido ordem alguma de Bolsonaro nesse sentido.
Há uma avaliação no seu entorno de que os depoimentos de ambos são de interessados diretamente em o implicar para evitar uma condenação futura, uma vez que os dois poderiam ter agido de alguma forma para além de rejeitarem a ideia de acatarem a minuta.
Ainda assim, a versão de Garnier relatada a aliados é no sentido de que tal oferta sequer ocorreu e muito menos um apoio dele. Uma forma de comprovar isso é que não houve mobilização da Marinha ou registro de reunião do almirantado nesse sentido.
A percepção entre aliados do almirante Garnier é de que os ex-chefes do Exército e da Aeronáutica estão numa linha colaborativa com a Polícia Federal. São ouvidos como testemunhas, e não como investigados. Assim, conseguem preservar as duas forças, evitar uma punição e desgaste maior para ambas.
Elas, em suma, sairiam como legalistas e a Marinha como golpista. O preço desse roteiro, nessa leitura, seria entregar o ex-chefe da Marinha.
Com CNN