“A diversidade é necessária e indispensável”, disse o papa no sábado (30), na Praça de São Pedro, durante o Novo Consistório, ao ordenar 21 novos cardeais. A RFI (Rádio França Internacional) entrevistou o cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chávez sobre as consequências dessas nomeações no futuro da Igreja Católica.
Os cardeais ordenados por Francisco vêm de quatro continentes. Cinco são latino-americanos: três argentinos, um colombiano e um venezuelano. Outro hispânico está na lista, assim como um cardeal da Malásia e outro do Sudão do Sul, países que nunca tiveram um cardeal antes no Vaticano. Há também uma dimensão política nesta ordenação com a inclusão de um cardeal de Hong Kong.
Papa progressista
“Acho que estamos caminhando nessa direção; ele está preparando sua sucessão para que essa visão dos mais necessitados não se perca na futura Igreja”, respondeu Monsenhor Rosa Chávez. “Essa intenção é evidente na lista de nomes que ele gradualmente elaborou em seus dez anos de pontificado. Estamos claramente indo para onde o mundo deveria estar indo, de acordo com o papa Francisco”, diz o cardeal salvadorenho, que completou 80 anos em 2022 e, portanto, não poderá votar no próximo conclave para a sucessão de Francisco.
Com relação à criação desses novos cardeais das periferias, Dom de la Rosa Vega também disse à RFI que a melhor maneira de se resumir isso é “unidade na diversidade” e “preferência pelas periferias”.
Dom Rosa Vega citou como exemplo a recente viagem de Francisco à França: “O papa só visitou o porto de Marselha por causa dos migrantes. Sua escolha foi clara: apoiar os mais vulneráveis e dar voz aos que não a têm. É uma mensagem corajosa e poderosa, apoiada pelo extraordinário testemunho de Francisco. As periferias estão sendo desprotegidas e oprimidas. O fato do Mediterrâneo ter se tornado o maior cemitério do mundo, como diz o papa, é um drama que afeta profundamente a Europa e a obriga a tomar decisões éticas, e não apenas pragmáticas. O papa tem sido extremamente claro nesse ponto”.
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Com UOL